Neide Heliodoro lista situações em que pais e responsáveis devem estarem atentos. Determinadas atitudes evidenciam que há problemas, porém esses jovens não têm coragem de contar
CARATINGA – A infância e a adolescência são fases crucias para formação do indivíduo, traumas desse período podem gerar um adulto inseguro. A infância é uma fase da vida onde se fazem grandes aprendizagens e se adquirem diversas competências quer ao nível pessoal quer na relação com os outros e com o mundo em redor. Por estas razões, é uma fase muito importante no desenvolvimento de uma pessoa, mas também muito sensível. Já a adolescência é um período de grandes transformações do ponto vista biológico, psicológico e social. É o período de transição para a vida adulta de consolidação da identidade e comporta vários e novos desafios como a autonomia em relação aos pais, alterações no desenvolvimento sexual, o relacionamento com o grupo de pares e com o sexo oposto, a preparação para uma profissão, entre outras. Nessas fases costumam ocorrer conflitos pessoais e interpessoais que terão influência na formação da personalidade do indivíduo.
E são essas fases que a psicóloga Neide Heliodoro tem o seu foco. Ela dirige a Crer & Ser Psicóloga Clínica Crianças e Adolescentes e Orientações dos Pais (WhatsApp: 33- 998410498). Nessa entrevista, ela dá dicas preciosas aos pais e responsáveis. A psicóloga também elenca sinais que mostram que crianças e adolescentes podem estar passando por problemas, mas eles não tem coragem de falar. “Um dos maiores danos que se pode causar a uma criança é levá-la a perder a confiança e própria capacidade de pensar”, observa Neide Heliodoro.
A senhora poderia nos dizer porque optou por trabalhar com crianças e adolescentes?
Primeiramente tenho dois filhos e há 25 anos quando me formei ninguém gostava de trabalhar com crianças, e eu imaginava meus filhos, eu queria eles em “boas mãos”, com bons profissionais e me especializei no curso de formação “Existencialista”, hoje trabalho com a abordagem, “Terapia Cognitiva Comportamental”, optei pra clinicar com crianças e adolescentes.
A criança quando vai num psicólogo, ela não sabe o que vai fazer ou falar, então tem que ser muito bem acolhida, perguntar “se ela sabe o porquê está ali”, por isso, sempre chamo os pais nas primeiras sessões e abordagens.
Essas fases (infância e adolescência) são cheias de descobertas, mas o novo pode trazer medo. Quais os receios enfrentados nessas fases?
Não leve em conta a famosa frase “criança esquece”. Não, eles não esquecem e podem levar um trauma para a vida adulta, causando depressão e outros problemas psicológicos. Por mais simples que possamos achar que seja o problema, para a criança pode não ser. No dia a dia, é importante ficar atento aos seguintes sinais:
-Atraso no desenvolvimento da fala e comunicação;
-Atraso para desenvolver os hábitos de higiene básicos, como escovar os dentes e tomar banho;
-Problemas de aprendizagem ou frequentes sinais de déficit de atenção (DDA);
-Problemas comportamentais, como a agressividade – morder, roer unhas, chutar ou bater – e raiva excessiva;
-Queda no desempenho escolar, especialmente se a criança costumava acompanhar a classe;
-Momentos de tristeza, choro ou depressão leve;
-Isolamento social;
-Diminuição do interesse em atividades que costumava gostar, como ir à escola, brincar com os amigos, ir ao cinema;
-Crise de ansiedade na escola;
-Mudanças bruscas de apetite (especialmente em adolescentes);
-Insônia ou aumento da sonolência;
-Alterações frequentes de humor;
-Queixas freqüentes de dores que não são identificadas as causas (dor de cabeça, de estômago, de barriga).
Orientações dos pais, sempre digo: “Não espere a bomba explodir”, “a fruta não cai muito longe de pé, vamos investigar.
Vemos que cada vez são notadas casos de depressão entre crianças e adolescentes. Quais sintomas eles apresentam? O que os pais devem fazer?
Quando um problema emocional vira físico:
-Timidez excessiva,
-Distúrbios alimentares,
-Agressividade, Rispidez e Intolerância,
-Dificuldade de aprendizagem,
-Agitação e falta de concentração.
A criança precisa ter tempo e espaço para brincar. É importante proporcionar um ambiente rico para a brincadeira e estimular a atividade lúdica no ambiente familiar e escolar, lembrando que rico não quer dizer ter brinquedos caros, mas fazer com que elas explorem as diferentes linguagens que a brincadeira possibilita (musical, corporal, gestual, escrita), fazendo com que desenvolvam a sua criatividade e imaginação.
É a brincar que aprende o que mais ninguém lhe pode ensinar. É dessa forma que ela se estrutura e conhece a realidade. Além de estar a conhecer o mundo, está-se a conhecer a si mesma. Ela descobre, compreende o papel dos adultos, aprende a comportar-se e a sentir-se como eles.
O ato de brincar pode incorporar valores morais e culturais, em que as atividades podem promover a autoimagem, a autoestima, a cooperação, já que o lúdico conduz à imaginação, fantasia, criatividade e à aquisição dum sentido crítico, entre outros aspetos que ajudam a moldar as suas vidas, como crianças e, futuramente, como adultos.
É através da atividade lúdica que a criança se prepara para a vida, assimilando a cultura do meio em que vive, integrando-se nele, adaptando-se às condições que o mundo lhe oferece e aprendendo a competir, cooperar com os seus semelhantes: a conviver como um ser social.
Pais levam seus filhos num psicólogo, se precisar ele vai encaminhar para o psiquiatra, junto com a psicoterapia.
Lembre-se: Filho é um tesouro!
Nota-se que adolescentes tem consumido cada vez mais álcool e até drogas ilícitas. Esse tipo de atitude representa fuga ou algum tipo de autoafirmação?
A psicoterapia infantil ou com adolescente, consiste em uma variedade de técnicas e procedimentos orientados a gerar o bem-estar emocional e social da criança que apresentam dificuldades com suas emoções e comportamento. Gerando o aprendizado através de suas habilidades para resolver seus problemas e pedir ajuda.
O adulto próximo a criança deve esta atendo se há:
-Problema de Conduta;
– Enurese, Encoprese;
-Problemas de aprendizagem;
-Pesadelo, terror noturno, sonambulismo;
-Separação dos pais;
-Problemas entre irmãos;
-Bullying;
-Tristeza sem explicação ou causa aparente;
-Isolamento;
-Ansiendade Patológica;
-TDA – Transtorno Déficit de Atenção.
O álcool e as drogas ilícitas estão cada vez mais presentes na vida dos jovens e cada vez mais cedo na vida, isso se dar muito para chamar a atenção, apesar dos pais não saberem, mas temos que ficar antenados.
A resolução de problemas ensina a criança ou adolescente a lidar com uma situação ansiogênica como um problema a ser resolvido e não como algo incontrolável e sem saída. Trata-se de tornar disponível uma variedade de respostas efetivas para lidar com uma situação problemática.
Essa técnica consiste de cinco passos básicos. O passo 1 envolve a identificação do problema em termos específicos e concretos. No passo 2, o paciente é ensinado a gerar soluções possíveis para lidar com o problema. No passo 3, é feita uma avaliação de todas as opções levantadas. Aqui, paciente e terapeuta avaliam cuidadosamente as consequências de cada opção. No passo 4, ambos escolhem a melhor solução e planejam a implementação desta. Enfim, o passo 5 é a colocação em prática da solução escolhida, avaliação dos resultados obtidos e recompensa da experimentação bem-sucedida.
O mundo passa por um momento delicado. Como a pandemia pode afetar o comportamento das crianças e adolescentes?
A pandemia do Coronavírus levantou um verdadeiro furacão de preocupações, surgindo de todos os lados e em todos os aspectos das nossas vidas. Nos filhos, os problemas vêm em dobro, já que a maioria das crianças que antes frequentavam creches e escolas agora devem passar o tempo da quarentena em casa.
Como mantê-los focados nos estudos? O que fazer no tempo livre? Curiosamente, é justamente esta rotina desregrada que pode trazer um benefício para as inúmeras crianças que sofrem ou poderiam vir a sofrer com transtornos de ansiedade.
Porque desencadear o instinto de brincar fará com que nossos filhos sejam mais felizes.
A ansiedade infantil é um problema real, no Brasil e no Mundo, aproximadamente 1 em cada 3 adolescentes sofre com algum transtorno de ansiedade. Situação semelhante acontece no Brasil. Os alunos brasileiros estão entre os que ficam mais estressados durante os estudos e entre os que ficam mais ansiosos para as provas, mesmo quando estudam.
A quarentena pode afetar negativamente a ansiedade nas crianças da mesma forma que os adultos: o medo da doença, incertezas sobre o futuro, interrupção de suas rotinas diárias, acrescido ainda de algumas vezes estarem “trancados” com membros da família que nem sempre se dão bem. Em contrapartida, o efeito contrário pode acontecer. A pausa ocorrida devido ao coronavírus, pode ser uma oportunidade de dar um reset na ansiedade de muitas crianças
Deveria ser pontos positivos na quarentena: transformar a quarentena em algo positivo no relacionamento com os filhos a liberdade de escolha pode ter um efeito altamente positivo na vida das crianças, principalmente entre as que lidam com problemas de ansiedade.
Além disso, a quarentena também pode se mostrar como uma oportunidade para se aproximar dos filhos em suas atividades, infelizmente, os pais estão mais ansiosos e passam essa ansiedade para os filhos.