“Durante anos, o nosso zoológico teve um dos maiores leões africanos que já vi. Um enorme macho, pesando mais de 220 quilos, com uma juba imensa… Ás vezes, tarde da noite, depois que a cidade dormia, eu podia ouvir o seu rugido… Ele não soava como um bramido feroz, mas sim como um angustioso lamento… Durante minhas visitas,… ele permanecia deitado, ficava ali cansado com aquela fadiga que vinha do tédio, respirando superficialmente, rolando uma vez ou outra de um lado para o outro. Depois de anos morando em uma jaula, um leão não mais acredita que é um leão… e um homem pode não acreditar mais que é um homem.”
A reflexão de hoje foi extraída de um livro, best-seller nos Estados Unidos e em vários outros países por vários anos. Foi traduzido para o português com o título “Coração Selvagem”, e o autor, John Eldredge, trata de perguntas e dúvidas que praticamente todo o ser humano masculino tem, mas muitas vezes nem percebe o que está acontecendo. Continuo o capítulo 3, sob o título “A Pergunta Que Persegue Todo Homem”:
“Adão cai, e todos os seus filhos caem com ele. Depois disso, o que você vê enquanto a história se desdobra? Alguns homens violentos, e outros passivos. A força acabou. Caim mata Abel; Lameque ameaça matar todos. Deus finalmente inunda a terra em virtude da violência do homem, mas as coisas ainda continuam acontecendo. Às vezes, a violência é física, mas na maioria dos casos é verbal. Conheço homens cristãos que falam coisas terríveis às suas esposas, porém outros as matam com o silêncio; um silêncio frio e mortal. Conheço pastores calorosos e amigáveis no púlpito [ou na TV], mas quando estão escondidos dentro de seus escritórios enviam e-mails fulminantes para a sua equipe de obreiros. Tudo isso é covardia. Senti-me intrigado ao ler em uma revista algo sobre os comandantes da guerra civil [americana]; como os homens que são considerados por nós como verdadeiros heróis se tornaram, na verdade, simplesmente o oposto. “Os rudes que estão sempre prontos para uma briga na rua são covardes em um campo de batalha aberto”, declarou um militar. Um sargento da mesma divisão concordou: ”Não conheço nenhum valentão, mas sei que estes seriam soldados covardes”. A violência, não importa de que forma, é uma máscara para o medo.”
“E o que dizer dos bem-sucedidos, dos homens que trabalham arduamente na vida, sempre pressionando a si mesmos para avançar? A maior parte deles também se baseia no medo. Nem todos, mas a maioria. Durante anos fui um tipo determinado, classe A, responsável e absolutamente perfeccionista. Exigia muito de mim e daqueles que trabalhavam comigo. Minha esposa não gostava de me telefonar no trabalho porque, ela afirmava: “Você está usando o timbre de voz que usa o dia todo no trabalho”. Em outras palavras, sua folha de figueira está aparecendo. Toda aquela arrogância, suposta confiança e responsabilidade extrema vinham do medo – o medo de que se não o fizesse, eu me revelaria menos homem. Nunca desanime, nunca baixe a guarda, dê 150% de si mesmo. Os bem-sucedidos são uma forma socialmente aceitável de homens violentos, exagerada de uma forma ou outra. Suas feridas tendem a estarem presentes em seus casamentos, famílias e saúde. Até que um homem encare isto honestamente, bem como o que realmente está por trás disso, ele fará um grande estrago aos que o cercam.”
“Também temos o homem passivo. Abraão é um bom exemplo disso. Ele está sempre escondido atrás da saia da mulher quando o seu caminho fica tumultuado. Quando ele e sua família são forçados a descer para o Egito por causa da fome, ele diz a Faraó que Sara é sua irmã, para que não seja morto. Ele arrisca a sua mulher para salvar a própria pele. Faraó leva Sara para o seu harém, mas a artimanha toda é revelada quando Deus fere os egípcios com as pragas. Você pode pensar que Abraão aprendeu a lição, mas não; ele comete o mesmo erro alguns anos depois, quando se muda para o Neguebe, na banda do Sul. De fato, seu filho Isaque carregou essa tradição, colocando Rebeca também em risco. O filho seguiu o exemplo do pai. Abraão era um bom homem, um amigo de Deus, mas também demonstrou covardia; conheço muitos como ele. Estes homens não são capazes de se comprometer com a mulher que tem sido a sua esposa durante anos. São homens que não sabem dizer ao pastor o que realmente pensam. Pastores e líderes cristãos que se escondem atrás da folha da figueira da simpatia e da ‘espiritualidade’, e nunca, jamais, confrontam uma situação difícil. Homens que organizam suas vidas, que se escondem atrás dos jornais ou da televisão e não conversam de verdade com suas esposas ou filhos.”
“Eu também sou como estes – um verdadeiro filho de Abraão. Mencionei que os primeiros anos da nossa vida no teatro foram bons, mas esta não é a história toda. Eu também tive um caso amoroso… com o meu trabalho. Casei-me com minha esposa sem nunca resolver, ou mesmo conhecer, as questões mais profundas da minha própria alma. De repente, no dia seguinte ao nosso casamento, deparei-me com a realidade de que agora tinha esta mulher como minha companheira constante; não fazia ideia do que realmente significava amá-la e não sabia se tinha o que ela precisava. Eu pensei: – E se eu lhe oferecer tudo o que tenho como um homem e isso não for o suficiente? Este era um risco que eu não estava disposto a correr. Por outro lado, eu sabia que tinha o necessário para meu trabalho como diretor de teatro, e lentamente comecei a passar mais e mais tempo ali no estúdio. Tarde da noite, finais de semana e, por fim, cada momento acordado. Eu estava me escondendo da mesma forma que Adão, fugindo do fato de que minha força estava sendo solicitada, e duvidava de que realmente tivesse alguma.”
“A evidência é clara: a queda de Adão e Eva causou um tremor em toda a humanidade. Uma falha terrível penetrou no casal, e foi passando para cada filho e filha. Assim, cada menino e cada menina que vem ao mundo sofrerá uma ferida no coração. Mesmo que não consiga sequer colocar em palavras, cada homem é perseguido e até assombrado pela pergunta: “Sou mesmo um homem? Terei tudo o que é necessário… no momento certo?” Assim, a história que estou contando é muito familiar para cada um de nós – nós que nos chamamos de homem.”
Rudi Augusto Kruger – Diretor
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