Sim, a Política brasileira encontra-se no auge de um período marcado pela mediocridade. A maioria dos políticos é medíocre e faz escárnio com seus eleitores. Depois de torcer muito pela renúncia ou Impeachment da presidente Dilma, já não sei se isso faria alguma diferença para a maior parte da população brasileira. Não que a presidenta sirva para alguma coisa em termos de governança. Não, não serve. Se não está envolvida nas falcatruas – como, de fato, ainda não foi provado -, também não sabe a que veio. Sem comando, sem falar coisa com coisa, ela tem demonstrado toda a sua mediocridade como comandante maior do país. Pensar em tirá-la de onde não deveria ter chegado – ou torcer para que renuncie – serve apenas para nos mostrar toda a mediocridade dos que postulam o seu lugar.
Essa gente não está nem aí pra nós. A figura do Sr. Delcídio Amaral, Senador da República, voltando aos trabalhos, mas cumprindo prisão domiciliar é feia de doer. Machuca qualquer pessoa com o mínimo de bom senso. O cara de pau não está nem aí e circula pelos corredores e pelo plenário do Congresso Nacional como se isso fosse a coisa mais normal do mundo. O mesmo tem acontecido com os que, tecnicamente, estariam aptos a ocupar a presidência da república em caso de vacância e de outros que andam conversando fiado por aí.
Eduardo Cunha – presidente da Câmara dos Deputados -, com a ficha mais suja que poleiro de pato, luta desesperadamente para manter-se na função que ocupa atualmente. Incrível, mas ele consegue ser mais “cara de pau” do que o Paulo Maluf, aquele que olha a sua assinatura e diz que não é sua, que vê comprovada a remessa de milhões de dólares para a sua conta nos paraísos fiscais e insiste em dizer que o dinheiro não é seu. Eduardo Cunha, sinceramente, é um dos políticos mais abomináveis, mais desprezível que a podre política brasileira produziu nos últimos tempos. Ele consegue personificar os piores defeitos brasileiros: a hipocrisia, a falsidade, a manipulação e a absoluta falta de escrúpulos, a ponto de declarar que não precisa da aprovação pública. Um político, Presidente da Câmara dos Deputados declarar publicamente que não precisa da aprovação pública, é mesmo um sinal do fim dos tempos…
Renan Calheiros – presidente do Senado Federal – renunciou em 2007, para escapar de cassação do mandato, em virtude das várias denúncias de corrupção que pesavam contra ele. Autor de quatro livros tem no título de um deles – Contadores de Balelas – a radiografia de suas rotineiras atuações. Encontra-se com o sigilo bancário e fiscal quebrado pelo STF e sua permanência na função de Senador é uma incógnita. Mas, está lá, falando e sorrindo, como se a falta de vergonha na cara fosse uma virtude. Trata-se de mais um Barão do Nordeste, que assim como os Sarney no Maranhão, faz de Alagoas seu baronato. Sua cidade de origem, Murici, é um dos municípios mais pobres de um dos mais pobres estados da Federação. Lá, dois terços da população sobrevivem graças à bolsa família…
Aécio Neves – Senador da República e candidato derrotado na última eleição presidencial – ainda não disse a que veio, tornando-se um opositor oportunista, equivalente ao modelo exercido pelo antigo PT e que ele tanto combateu. Recentemente causou um mal estar muito grande a milhares de professores, depois de admiti-los como funcionários efetivos, através da famigerada Lei 100. Hoje, por culpa dele, as escolas lutam para manter alguma qualidade com um quadro de professores totalmente diferente daquele com que terminou o ano de 2015. Tem demonstrado imaturidade, superficialidade e lhe faltado o estofo político que foi marca de sua família…
O, até então, intocável, ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Imortal da Academia Brasileira de Letras, está sendo acusado – e será investigado – de ter mantido um filho não reconhecido e uma manteúda com dinheiro público, por muitos anos, em Paris.
O “acima de qualquer suspeita” e “mais honesto que qualquer brasileiro vivo ou morto”, Luis Inácio Lula da Silva – o Lula -, não consegue explicar coisas simples como uma reforma de uma cobertura que seria de sua propriedade, por empreiteiros, ou a utilização, a cada quinze dias nos últimos meses, de um sítio pertencente a “amigos” e ”sócios” de seus filhos.
Não há lugar para o qual você olhe e consiga encontrar algum político que não esteja metido, até o pescoço, em falcatruas, em negociatas, em mentiras e enganações. E nós, brasileiros, não estamos nem aí. Talvez seja porque não vejamos, de fato, nenhuma luz no fim do túnel. Quem pode gerenciar este país? Em quem podemos acreditar? Quem irá nos defender?
Sinceramente, não sei.
Houve uma época em que tínhamos tantos políticos bons que criticávamos Ulisses Guimarães, Franco Montoro e Leonel Brizola. Não tenho dúvidas de que qualquer um dos três seria muito mais bem visto no poder do que os ocupantes do topo da atual pirâmide da Política brasileira. A mediocridade que estamos vivendo e provando na Política brasileira é tão grande que aceitamos, como certo, o pensamento de que “Só se reconhece o bom quando se prova o ruim; só se valoriza o excelente quando se conhece o medíocre”.
Pode ser, porém, que todo esse caos que ora vivenciamos, sirva definitivamente para que paremos de esperar a vinda de um “salvador da pátria”! Deixemos de esperar que outros resolvam as nossas vidas, curem as nossas mazelas e nos proporcionem a dignidade que tanto merecemos. Essas coisas se conquistam. E essa conquista se inicia dentro de cada um de nós. O voto e o político escolhido, apenas refletem aquilo que somos…
Se Diógenes, aquele filósofo grego que perambulava por Atenas “à procura de um homem honesto” viesse hoje ao Brasil, teria muito trabalho…
* Eugênio Maria Gomes é escritor, professor e pró-reitor de Administração da Unec. Grande Secretário de Educação e Cultura do GOB-MG. Membro das Academias de Letras de Caratinga e Teófilo Otoni, do MAC, do Lions Itaúna e da Loja Maçônica Obreiros de Caratinga.