Conheça a história de homem que ficou tetraplégico após cair de abacateiro. Rotina da família carente chamou atenção do Rotary Club Caratinga
SANTA RITA DE MINAS– Em março deste ano, um homem morreu após cair de um pé de abacate em Fátima do Sul – cidade localizada a 246 km de Campo Grande (MS). Acidente semelhante ao sofrido por José Félix, o ‘Juca’, natural de Bom Jesus do Galho, no ano de 2010. Com a diferença de que ele resistiu aos ferimentos e sobreviveu.
“Quando estava lá em cima, zonzeei e caí. Falei: ‘Como Deus é bom’. Machuquei, mas se tivesse caído de cabeça acho que eu tinha morrido. Agora não consigo fazer nada mais, não posso dar um passo. Mas, muita gente vem me ver. Recebo muita visita e ajuda”. Essas poucas palavras foram ditas por Juca com muita dificuldade ao DIÁRIO DE CARATINGA, que acompanhou mais uma das visitas de rotarianos à residência do homem, que hoje mora em Santa Rita de Minas.
Juca passa os dias deitado em uma cama, pois não consegue se sentar e só consegue mexer os braços. Ele necessita de cuidados especiais, que ficam sob a responsabilidade da esposa Maria das Graças Félix e de uma das filhas que mora naquelas imediações: “Ela nunca estudou para ser enfermeira, mas acho que foi a prática”, revela Maria em relação à filha.
Maria das Graças relembra que José Félix sofreu uma queda de um abacateiro de seis metros e fraturou a coluna. À época, o casal estava separado há 20 anos, mas o acidente acabou juntando os dois novamente. “Ele caiu de costas. Assim que aconteceu, eu estava em Piracicaba, me falaram e pedi para levar ele para lá. Ficou quatro anos na minha casa, mas depois decidimos vir para cá, larguei meu serviço de 14 anos. Mas, graças a Deus não tem ferida mais nenhuma. O que ataca mais é o pé, que precisa sempre fazer os curativos”.
De lá para cá, a rotina é simples. A residência é humilde e para sustento da casa, Maria conta com certa quantia que recebe por seu trabalho, além de doações da comunidade. “Muita gente me ajuda com o arroz, feijão, açúcar, essas coisas. O que mais me aperta são as fraldas, soro e as gazinhas. E mais é o meu salarinho, que o dele não tem. A gente se vira, saio, trabalho, volto, não paro. Se eu ficar parada acho que adoeço. Mexo com horta, porco, galinha, trabalhando o tempo todo. Deus está abençoando e tenho muita amizade, muita gente traz ajuda, têm pessoas que eu nem conheço e vem de longe, agradeço muito”.
Um desafio que Maria tem enfrentado está relacionado à falta de apetite que Juca tem apresentado ultimamente. Ela prefere levar a situação no bom humor. “Ele começou a não querer comer. Falei com a minha filha e ela trouxe aquela latinha de leite. E a gente dá para ele. Brigo com ele, falo: ‘Se você tá pensando que ficar sem comer vai morrer. Vai ficar doente em cima da cama, mas não morre antes não, vai sofrer um cadinho (risos)”.
A história do casal tem sensibilizado o Rotary Club Caratinga, que atento às questões sociais, conseguiu junto a um empresário a doação de algumas fraldas para Juca. A entrega ocorreu na manhã da última quarta-feira (11).