Assistidos do Lar dos Idosos constantemente aguardam vagas para realização de procedimentos médicos. Muitas vezes eles recorrem ao Ministério Público
CARATINGA – No ano passado, o Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG) ajuizou uma ação civil pública em benefício de Onofre Damásio da Silva, que reside no Lar dos Idosos Monsenhor Rocha. Ele apresentava quadro de fratura de colo de fêmur direito e artroplastia parcial de quadril, necessitando passar por um procedimento cirúrgico com urgência. No entanto, de acordo com o MP, para a realização da cirurgia, o paciente precisaria ser transferido para um hospital com maiores recursos técnicos e habilitado para realizar o procedimento.
Onofre é cadastrado no SUS-Fácil, mas, apesar da gravidade e urgência de seu caso, não havia obtido vaga para sua transferência. Ainda de acordo com a ação, o estado de saúde era considerado grave e a operação deveria ocorrer no prazo de 48 horas, pois a demora na realização do procedimento poderia trazer graves sequelas. O MP pediu que o Estado providenciasse imediatamente a transferência do paciente para hospital que dispusesse de capacidade técnica para a realização do procedimento cirúrgico ortopédico, bem como a realização de todos os exames e acompanhamento médicos prévios e posteriores e, se necessário, inclusive, em unidade de saúde particular.
A decisão do juiz saiu na última quarta-feira (20). Ele determinou que o Estado de Minas Gerais providenciasse, no prazo máximo de 24 horas, a transferência de Onofre para outro hospital e caso não houvesse vaga em unidade hospitalar conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS), deveria custear todo o tratamento prescrito no relatório médico junto a instituição de saúde particular.
A Reportagem esteve no Lar dos Idosos para saber da situação de Onofre após a decisão, mas, foi surpreendida pela notícia de que ele já havia feito a cirurgia. A ação judicial que viria para agilizar o processo, acabou saindo somente mais tarde e ele não poderia esperar. Assim como Onofre, são tantos outros que necessitam de procedimentos médicos e precisam aguardar na fila de espera.
A ESPERA
De acordo com a enfermeira do Lar dos Idosos, Cristiane Pereira Corrêa, Onofre começou com um quadro de dor, que causou estranheza, pois apesar dos remédios que tomava, não sentia melhora. Assim, ele foi encaminhado para o Pronto Atendimento Microrregional (PAM), onde foi constatada fratura de fêmur. “Ele foi internado e pedido a transferência via SUS-Fácil para realização de cirurgia. Como já haviam vários dias, o MP entrou como uma ação judicial para agilizar. Mas, depois de alguns dias saiu a transferência e a cirurgia foi realizada. Hoje ele se encontra bem, apesar de ser deficiente visual e agora já não conseguir mais caminhar”.
Outro morador do Lar dos Idosos que luta por um tratamento de saúde é José das Graças de Souza, 58 anos. Ele recebeu o diagnóstico de obstrução de 95% da artéria carótida. Ele aguarda vaga para realização de uma cirurgia. “Foi pedido um procedimento de colocação de stent no mês de setembro de 2015. No mês de julho de 2016 a guia foi para Belo Horizonte para ser autorizada, mas o TFD (Tratamento Fora do Domicílio) devolveu porque tinha preenchido o número do procedimento errado e o médico deveria preencher novamente para retornar no mês de agosto para Belo Horizonte, para ver se irá autorizar agora. Graças a Deus ele está bem ainda, apesar da gravidade de seu quadro”.
De acordo com Cristiane, sempre que ocorre fratura de fêmur, o paciente necessita de transferência. O tempo de espera é relativo, mas ela ressalta o empenho da Prefeitura de Caratinga e Hospital Nossa Senhora Auxiliadora em busca de soluções. “Depende das condições clínicas dele. Algumas vezes a espera é longa, já em alguns casos é rápida. Hoje estamos com um paciente no PAM aguardando transferência para uma avaliação de um arritmologista. Agora à tarde (sexta-feira) foi comunicado que seu cadastro no SUS-Fácil foi cancelado devido à melhora clínica, devendo ter alta amanhã e que deverá voltar ao cardiologista para as providências necessárias”.