Caratinga tem pelo menos 150 casos da doença confirmados. Mas, os números podem ser ainda maiores
CARATINGA – Ontem foi o Dia Mundial da Luta contra a AIDS. O vírus da imunodeficiência humana (HIV, na sigla em inglês) que causa a AIDS é transmitido via sangue, sêmen e leite materno. Não há cura para a infecção, mas a AIDS pode ser controlada por muitos anos com coquetéis de drogas antivirais.
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que, em 2013, 35 milhões de pessoas estavam vivendo com o HIV, 2,1 milhões de pessoas foram infectadas com o vírus e 1,5 milhão de pessoas morreram de Aids. De longe, o principal foco de HIV/AIDS está na África subsaariana.
A agência da ONU para o assunto, a Unaids, diz que, até junho de 2014, 13,6 milhões de pessoas no mundo tinham acesso a drogas contra a AIDS, uma grande melhora frente aos 5 milhões que conseguiam tratamento em 2010.
Em Caratinga, uma equipe do Serviço de Assistência Especializada (SAE) que está sendo implantado na cidade, em parceria com a Vigilância em Saúde, esteve no calçadão. O objetivo foi orientar a população quanto ao vírus HIV e as doenças sexualmente transmissíveis.
Mas, o que a equipe observou foi certo bloqueio entre os caratinguenses em parar por uns instantes para receber orientações e os preservativos que estavam sendo distribuídos, mostrando que parte da população ainda tem preconceito e receio de falar sobre este assunto.
A Reportagem conversou com o psicólogo e coordenador do SAE, Ridley Antônio de Vasconcelos, que trouxe informações preocupantes para a cidade. É difícil contabilizar o número de infectados pelo vírus em Caratinga, já que há aqueles que procuram o serviço privado, outros escondem a doença, além de outros fatores. Mas, segundo dados registrados oficialmente em Coronel Fabriciano, atualmente são 150 pessoas portadoras da doença.
Para Ridley, estes números são ainda maiores. O portador de AIDS não tem cara. Ele se esconde em uma sociedade ainda movida pelo preconceito. “As pessoas tem receio demais, seja o preconceito que é muito grande, ou por questões religiosas. Ficam com vergonha, o que impede que em ações como essas, elas recebam preservativos e informação, infelizmente, é uma pena. E esses números estão crescendo a cada ano por vários fatores, seja por sexo sem proteção ou por violência sexual”.
Atualmente, os casos de HIV registrados no município são encaminhados, após consulta, para a referência em Coronel Fabriciano, onde há tratamento e medicação. Porém, em 2015 há previsão de implantação efetiva do SAE em Caratinga, o que possibilitará, por exemplo, remédios de emergência tais como, profilaxia pós-exposição ou PEP. “Hoje estamos conscientizando a população de que o serviço já acontece no município, mesmo que fragmentado. Temos uma equipe, espaço, faltam apenas algumas questões burocráticas. Com abertura deste serviço, teremos teste rápido para sífilis, por exemplo, o que vai ampliar muito mais o atendimento”.
No Brasil, houve um aumento de 52% dos casos, a maioria formada por jovens entre 15 e 25 anos. A mesma realidade é compartilhada na cidade. “Em Caratinga, os novos casos que chegaram também são nessa faixa etária. As pessoas não se conscientizam da gravidade, de que uma vez diagnosticado, é um tratamento sério, são muitos medicamentos que se não seguidos rigorosamente, trazem graves consequências”.