Com inúmeros motivos para comemorar, Apae de Caratinga mostra sucesso de aluno no Jiu-jitsu; e prepara passeata alusiva ao Dia Internacional da Síndrome de Down/ Dia Mundial da Conscientização do Autismo
CARATINGA– A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Caratinga comemora duas datas: Dia Internacional da Síndrome de Down (21 de março) e o Dia Mundial da Conscientização do Autismo (2 de abril). Ambas serão lembradas com uma passeata prevista para a segunda-feira (26). A intenção é mostrar, além do trabalho desenvolvido com os portadores de deficiência intelectual e múltipla, que a inclusão é possível e os alunos da Apae são uma prova disso.
COMEMORAÇÃO
Conforme Rita de Cássia, diretora pedagógica da Apae, ao todo são 388 assistidos e alunos. Na manhã de ontem, a Apae realizou apresentações artísticas dos alunos, com rodas de capoeira, música e Jiu-jitsu. “Aproveitamos para agradecer aos nossos doadores, porque são eles que nos ajudam a desenvolver esse trabalho. À toda diretoria da Apae, são todos voluntários e se dedicam muito à causa. Acho também que se toda a sociedade procurar saber do trabalho da Apae, que desenvolve não só com os síndromes de down, mas também o autista e outras deficiências múltiplas, para ver realmente que aqui há pessoas que têm capacidade. Cada um tem o seu limite, mas cada tem a sua capacidade”.
Rita destaca que a passeata contará com a participação de as crianças, adolescentes e adultos da Apae, famílias e funcionárias. O percurso está marcado para iniciar à 8h, saindo da porta da Apae, descendo pela Rua João Pinheiro, Praça Cesário Alvim em direção à Praça Getúlio Vargas, Avenida Olegário Maciel, passando pela travessa, Rua Coronel Antônio da Silva e retornando para a Apae.
“É o dia que mostramos o nosso trabalho, todos os nossos assistidos e alunos da região que estudam e têm assistência na Apae de Caratinga. Gostaríamos de pedir a todas os comerciantes ou moradores de residências que coloquem um tecido ou balão azul nas janelas, portas e que possam estar também prestigiando, esperando a passeata passar com nossa fanfarra, pessoal da capoeira e aplaudir”, convida.
A coordenadora pedagógica ainda destaca a importância de mostrar à sociedade a importância da Apae na vida de seus alunos, até mesmo em busca de novas parcerias. “É uma conscientização da inclusão de todos os deficientes, em especial da pessoa com síndrome de Down e autista. O trabalho que é desenvolvido aqui, já tivemos parcerias daqui depois da passeata porque mostra a quantidade de crianças, adolescentes e adultos que temos aqui. O que a gente precisa para continuar o nosso trabalho. É muito importante mostrar o que a Apae de Caratinga representa para Caratinga e região”.
DESTAQUE NO ESPORTE
E uma parceria que tem dado certo é com a Escola de Jiu-jitsu Jean Chaves. O aluno Anailton da Silva Hilário, treinado pelo professor Jean Chaves, participou no ano passado das Olimpíadas Regionais das Apaes e venceu. Agora, ele participou do X Combat World, no dia 17 de março, em Vitória, no Espírito Santo. A competição teve parceria com a Confederação Brasileira de Lutas Profissionais (CBLP).
Anailton concorreu na categoria profissional adulto (considerando a idade- 17 anos) e recebeu o título de vice-campeão na categoria branca médio. Segundo Jean Chaves, o garoto concorreu em igualdade de condições e acesso com outros atletas que não apresentam necessidades especiais. “Foi uma organização excelente da X Combat. Nossa equipe foi convidada a participar do campeonato pela CBLP e na oportunidade levamos Anailton, que é nosso aluno desde o ano passado, ele participou com êxito e lutou muito bem. É muito importante falar que quando vou inscrever Anailton como atleta, a pessoa vê que é da Apae, sempre me fala: ‘Não temos essa categoria’, mas meu aluno luta no circuito normal, com pessoas que se consideram “normais”. A ideia do meu projeto, que é o Jiu-jitsu para todos é a inclusão social. Colocar esses alunos dentro do mercado do esporte sem essa diferença do pode ou não pode, sabemos das limitações dos nossos alunos”.
O professor afirma que no decorrer dos treinos, já tinha a certeza de que o atleta faria uma boa luta. “Graças a Deus conseguiu, foi para a final, não conseguiu ouro, mas para ele já é uma vitória muito grande esse segundo lugar, assim como foi também a minha colocação. Vinha de uma lesão há bastante tempo, fiz uma preparação muito dura para esse campeonato, perdi bastante peso, fiquei um pouco fraco, mas fui lá, lutamos, fizemos uma competição muito boa e consegui também o segundo lugar no Campeonato Brasileiro”.
Para obter os bons resultados, o apoio de pessoas que acreditam no projeto é fundamental. A Associação Comercial e Industrial de Caratinga (Acic) é uma das instituições que dá sua contribuição. “Muito importante falar da importância do apoio que a Acic tem me dado em relação a isso, liberar para que possa treiná-lo quase que diariamente. Nas olimpíadas regionais Anailton lutou com um garoto que já treinava há praticamente dois anos a mais do que ele e nem tomou conhecimento. Chegou lá, ganhou, com uma facilidade tremenda. Ele pode muito mais do que imagina e mais ainda do que as pessoas que estão de fora e não conhecem, acham. Ele é muito mais capaz do que podem imaginar”.
Uma característica que ele considera marcante nos alunos da Apae é o comprometimento e seriedade. Para Jean, o foco e responsabilidade são importantes para alcançar resultados. “Queria poder descrever o tamanho da minha felicidade em ter o Anailton e principalmente com essa vitória. Tento passar isso para ele todas as quartas-feiras e agora também às segundas, onde sou voluntário aqui dentro da Apae. Mas meu trabalho se estende fora daqui também, tenho um projeto há quase três anos inclusive em Piedade de Caratinga, onde consigo trabalhar com crianças de várias idades e locais, fazendo nossas aulas. Minha satisfação é praticamente diária, quando venho dar aulas, no esforço que eles fazem para estar aqui comigo, treinar e aprender. Vejo esforço nos meus alunos daqui, como não vejo em muitos outros. Com certeza terei muitos resultados aqui com outros alunos também”.
O trabalho continua, mas, o esporte ainda precisa do apoio de patrocinadores. Por isso, o treinador faz um apelo. “Ainda temos cerca de cinco a seis competições para ir de nível regional, nacional e internacional. Infelizmente como todo atleta encostamos na barreira, que é o patrocínio. Queria poder ajudar a todos, hoje temos o Bolsa Atleta e Bolsa Equipe da Prefeitura, que me ajuda e assim eu ajudo meus alunos. Mas, ainda não é suficiente, saímos, batemos na porta de empresários, muitos das portas são fechadas na nossa cara, mas não desistimos. Ajudem, eles estão levando também o nome da cidade, do empresário e do comércio de Caratinga”.
Quando a conquista foi anunciada na TV, Anailton chorou de emoção e o professor vibrou de alegria. Para Anailton, a medalha de prata tem grande representatividade. “Foi muito bom, gostei demais, fui com a consciência de ganhar, porque várias pessoas me ajudaram. Se não fosse Deus em primeiro lugar e os treinos nem tinha chegado onde estou hoje. O destaque do ano passado me ajudou demais, me deu bastante confiança e alegria. Foi bem difícil, perdendo, ganhando, mas nunca desistindo. Sempre lutando, pegando adversários fortes. Peguei um bem mais forte do que eu, mas consegui ganhar. Já estou preparado demais, treinando e bola para frente, pois tem várias disputas pela frente, como meu professor falou”, disse confiante.
Diante de tantas conquistas, Rita de Cássia destaca que é preciso dizer que “a inclusão é possível”. Anailton mais uma vez trouxe este exemplo. “Primeiro temos que buscar parcerias, como o mestre Jean, que é voluntário, amigo da Apae e faz um trabalho excelente treinando nossos alunos. Anailton já tem quase um ano de treinos e trouxe medalha. É um orgulho muito grande e a sociedade ver que realmente ele é capaz. Sem a ajuda dos nossos doadores, amigos que estão nos ajudando em todos os eventos, sem esse trabalho e da diretoria, seria impossível. É fundamental para que a Apae possa continuar desenvolvendo um bom trabalho”.