Todas as histórias começam assim: “Era uma vez…” Nossa história só fala do que já foi, projetada no passado. O passado já aconteceu. Ele já passou e trazê-lo de volta, somente mediado por veículos diversos, de que são exemplos os livros, artigos, documentários, um bom jornal, etc. O passado já passou e, para lembrá-lo, deve-se buscar nos diversos registros disponíveis.
Fica a lembrança, que ilumina nosso mergulho no passado. Primeiro, a nossa lembrança ilumina o nosso próprio passado, depois apelamos para as lembranças das pessoas mais de idade, numa procura incessante em busca de um passado bem distante. Existem lugares onde ficam guardados documentos antigos escritos há muito tempo, chamados arquivos, onde podem-se buscar informações do passado, para exercitar a lembrança do que passou e ficou para trás.
No romance 1984, Orwell escreveu que quem controla o presente controla o passado e quem controla o passado controla o futuro. Isso parece também provável fora da ficção, assim, as pessoas no presente necessitam de antecedentes para localizarem-se no agora e legitimarem seu modo de vida atual e futuro.
A história fala do que está no passado e, para recontá-la é necessário ordenar as ideias porque todo aquele que tem algo a dizer deve saber esquematizá-lo. Plano para tudo, pois “tudo depende do plano”, segundo Goethe. Deve ser, portanto, elaborado um plano, para recontar a história.
Por isso, torna-se óbvio que, em todo trabalho a ser feito, um plano é necessário. O arquiteto faz a planta antes de construir a casa. O empresário projeta a indústria que vai instalar. O Estado programa a aplicação dos recursos. De igual sorte, deve-se antever, refletida e metodologicamente, o que vai comunicar.
O plano do Jornal Diário de Caratinga, ao lançar as edições especiais sobre os 20 anos do jornal, mostrou-se algo singular, oportuno e de grande importância, pois, ao recontar a história dos acontecimentos nesses últimos 20 anos em Caratinga e região, demonstra que temos um comunicador diário de registros dos fatos importantes, evitando-se o apagamento da memória de um povo, tanto para os que viveram e presenciaram os fatos, quanto para as gerações futuras.
Porque, os fatos históricos registrados nas edições especiais, serão reproduzidos em muitos lugares e por muitas razões diferentes, como um verdadeiro processo de memória de estabelecimento da verdade dos fatos do que aconteceu no passado, para a memória popular.
E o jornal continuará suas publicações, em movimentos constantes de sua equipe de jornalistas, funcionários, diretores, fotógrafos, etc, fazendo suas pesquisas, para colocar as notícias por escrito. E aí, entram os fatores metodológicos do jornalismo em ação, inter-relacionando-se com as práticas cotidianas, tal qual aconteceu durante esses 20 anos do Diário de Caratinga, para a produção de um excelente trabalho do jornalismo escrito.
A conclusão deste plano lançado pelo Diário de Caratinga, na verdade é o ponto de chegada e ao mesmo tempo, o ponto de partida, pois certamente o nosso Diário de Caratinga estará sempre recontando a nossa história.
Ildecir A. Lessa