Secretaria de Agricultura realiza última entrega do ano agrícola. De outubro de 2020 a maio de 2021 foram doados 300 mil alevinos
CARATINGA- A Secretaria de Agricultura de Caratinga realizou no sábado (01/05), a última entrega de alevinos do ano agrícola outubro 2020/ maio 2021. A reportagem conversou com Ciro Vasconcelos, diretor de Pecuária e técnico em Agropecuária, que falou sobre o programa de Piscicultura desenvolvido no município.
Conforme Ciro, o trabalho é realizado através do “Programa + Peixes”. “Existia já há algum tempo, mas, em 2017 na atual gestão, resolvemos expandir o programa com o intuito de em primeiro lugar cuidar da questão da segurança alimentar da família rural. Em 2017, o atual secretário de Agricultura Alcides Leite de Mattos Sobrinho, o Dr. Welington e a equipe da Secretaria de Agricultura, resolvemos formatar o modelo que contemplasse tanto a questão da segurança alimentar do produtor rural, quanto também motivasse essa família rural a desenvolver, aprender os manejos corretos da piscicultura”.
Ele exemplifica que quando se visa a comercialização do pescado são necessárias técnicas e orientações, passo a passo a serem seguidas. “Alimentação que é à base de ração e também a questão da espécie propícia. O município de Caratinga é muito extenso, compreende a divisa com Ipatinga/Vale do Aço até no Suíço, uma distância se pegar linearmente uns 160 km, a vertente mais a Oeste e mais ao Sul. Há espécies que se adaptam melhor ao clima quente, que é abaixo da BR-116, que pegamos como referência esse eixo e fizemos estudo de espécies, também temos assessoria técnica do professor Wiliam Chaves que é zootecnista, em Sapucaia, Dom Lara, Dom Modesto, Santa Efigênia, Cordeiro de Minas e São Cândido; ao passo que outras espécies de região mais fria adaptam melhor à altitude maior, que é justamente à montante da BR-116”.
O programa busca orientar, principalmente, o arraçoamento, que é o ato de oferecer ração ao peixe. “Vale ressaltar que o peixe tem graduação nas fases de vida, alevino quando chega aqui na sacola com oxigênio mesmo; depois passa a juvenil, que é maiorzinho um pouquinho e, finalmente, o peixe adulto. Cada fase dessa requer ração específica, questão de proteína bruta. Orientamos também a quantidade, pois, muitas vezes nós observamos que o produtor rural usava uma ração só do início ao fim do ciclo de vida útil e muitas vezes não tinha sucesso em questão de crescimento e ganho de peso. Também orientamos essa questão da troca das rações, das espécies, na época correta”.
POTENCIAL
Ciro enfatiza que o município tem potencial para a criação de peixes, pois é “muito rico em água”. “Nós temos aqui, inclusive abastece a cidade, o Ribeirão do Lage, volumoso, questão de vazão de água também muito boa; o Rio Preto e o Rio Claro à montante da sede; e abaixo de nós, à jusante, temos a área das lagoas, que compreende a Lagoa Silvana, área de Cordeiro de Minas e São Cândido. Fora os afluentes, esses rios maiores. E é nato do produtor rural, está com ele desde a nascença a questão da Piscicultura”.
O técnico em Agropecuária atua há 26 anos na Secretaria de Agricultura e relata suas experiências nas propriedades que tem visitado ao longo do tempo. “Sempre tem um poço de peixe, grande, pequeno ou médio, mas sempre tem uma lâmina de água, onde se cria os peixes e afins. Foi determinante quando inscrevemos o projeto também essa questão da oferta de água para abastecimento desses espelhos d’água, que são os tanques, os postos, as lagoas. Inclusive foi dentro desse programa + Peixes que nós implantamos aqui o tanque redes porque até então era visto em matérias em nível nacional. O pessoal aqui perguntava muito pra gente, mas, antes de 2017 nós não tínhamos condições que se sustentasse a aquisição pela municipalidade de tanque redes. Então, o projeto foi levado à Câmara Municipal e se tornou um programa. Ficamos embalados legalmente em recursos para aquisição de tanque redes e alevinos para doação”.
O programa tem duas vertentes: doação e repasse. Na doação são adquiridos alevinos de espécies Tilápia e Catfish, que são entregues a produtores rurais que fazem previamente o cadastro. “Convidamos aos interessados, que é só procurar a Secretaria de Agricultura na Rua Coronel Antônio da Silva (Rua Nova), 700A. Fazemos o cadastro e marcamos uma data e horário para doação do peixe. São 250 alevinos para cada cadastro, cada CPF e por lâmina d’água. Por exemplo, uma propriedade rural às vezes não tem só uma lâmina d’água, seja poço, tanque ou lagoa; então o produtor rural pode fazer no nome dele, da esposa e do filho”.
O repasse é uma modalidade de oferta de alevinos aos produtores rurais das cidades vizinhas e também Caratinga, diferente da modalidade doação, que é ofertada aos produtores rurais do município. “O preço é de custo, de acordo com laboratório de alevinagem e repassamos”.
MERCADO
O ano agrícola compreende de outubro a março, podendo se estender a abril e início de maio. Na questão do repasse, onde o produtor rural compra a preço de custo, foram 400 mil alevinos. São 50 produtores rurais contemplados na vertente doação e em torno de 12 a 15 no repasse; o que ocorre a cada 20 dias.
A última entrega dos alevinos ocorreu neste sábado (01/05) contando com todas as medidas necessárias contra a covid-19. “Quando convidamos o produtos para receber os kits de doação ou mesmo o repasse, orientamos sobre a questão do distanciamento social e uso de máscara”.
A Tilápia é o carro chefe do programa, mas, dentre as espécies mais procuradas ainda estão os peixes chamados “redondos”, que são o Tambacu, Tambaqui e Pacu; Carpa Colorida; Piauçu; Lambari; o Pintado que é derivado do Surubim; o Pangacius e o Jundiá Cinza.
Para Ciro, é gratificante ao final da safra de alevinos, ver o número de produtores procuram pelo programa na Secretaria. “Inclusive fazemos visitas técnicas nas propriedades quando é solicitado. E é sem custo nenhum para o produtor. Esse ano mesmo devido a todas as restrições que não só Caratinga, mas, todo o Brasil, o mundo está passando com a pandemia, foi perto de 300 produtores rurais que fizeram o cadastro. Foram feitas em torno de 100 a 120 visitas. O produtor não quer só pegar o peixe e jogar na lagoa, no poço ou no tanque. Ele nos procura justamente pra saber como é a ração, etc”.).
Outro ponto interessante é a comercialização. “A Tilápia em seis a sete meses, trabalhando direitinho, tem que estar em torno de 700 a 800 gramas, por unidade. E aqui próximo a Caratinga, na cidade vizinha nossa, Ubaporanga, tem um frigorífico de abate exclusivamente de peixe. E também a questão dos pesque e pague, que têm na área rural em Caratinga, nas cidades circunvizinhas também existe muito. E têm comprado bastante a produção do produtor rural”, finaliza.