É notório que a preservação de áreas florestadas intactas, ou com baixa taxa de intervenção humana, apresenta-se como um fator de importância na manutenção de vidas de animais silvestres, além da manutenção de outros serviços que são prestados pela natureza para a sociedade.
No entanto, o que podemos dizer sobre o papel da preservação de áreas florestadas para as garantia de manutenção de vidas humanas? Hipóteses podem ser escritas a todo o momento, mas estudos sobre a temática são tidos como raros e/ou inexistentes.
Desta forma, visando uma melhor compreensão sobre tal indagação, o Dr. Paulo Artaxo do IAG da Universidade de São Paulo (USP), em colaboração com colegas da University of Leeds e da University of Manchester, do Reino Unido, e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos, estimaram que a redução do desmatamento da Amazônia nos últimos anos tem levado a uma diminuição dos poluentes no ar proveniente das queimadas na estação seca, que podem se estender para outras regiões da America do Sul. Os pesquisadores observaram que tal melhoria da qualidade do ar pode estar contribuindo para impedir a morte precoce de cerca de 1,7 mil adultos por ano em toda a América do Sul.
Segundo o Dr. Paulo Artaxo “o estudo mostra, pela primeira vez, que reduzir o desmatamento resulta na melhoria da qualidade do ar, o que acarreta a diminuição de mortes pela exposição à poluição atmosférica na maior parte da América do Sul” (Agência FAPESP).
Segundo o autor, foi possível estimar os impactos da poluição do ar proveniente das queimadas na saúde da população através da relação existente entre tais componentes e as doenças cardiopulmonares e câncer de pulmão entre 2002 – 2011.
Em meio a tantas mudanças que vivemos, seja pelas mudanças no clima, utilização de agrotóxicos de forma desenfreada, crescimento desordenado das cidades e da sua frota de automóveis, a nossa saúde torna-se a cada dia mais frágil.
Quando compostos “invisíveis” no ar, oriundos de locais longínquos contribuem nos casos de mortes prematuras.
Tal constatação só reforça a necessidade de preservação destas áreas de floresta e de evitar a utilização de queimadas para “limpar” as propriedades rurais. Pelo fato que tal pratica causa danos mais sérios primeiramente para a saúde da família do próprio produtor rural, devido à proximidade do foco de incêndio. Como, também, pelo fato de que tal atitude pode afetar diversas pessoas numa dada região.
Sendo assim, o próprio Dr. Paulo Artaxo deixar claro da necessidade de preservação de áreas florestadas, em especial a Amazônia, é de extrema importância para a manutenção de vidas humanas.
“Precisamos continuar o esforço de proteção da floresta amazônica, pois isso também salva vidas e auxilia na redução das mudanças climáticas globais”.
“Air quality and human health improvements from reductions in deforestation-related fires in Brazil” (doi: 10.1038/NGEO2535).
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Paulo Batista Araújo Filho é formado em Ciências Biológicas e Recursos Naturais pela UFES. Atualmente trabalha no renomado Lawrence Berkeley National Laboratory (LBNL), Berkeley – Califórnia/EUA