* Inês A. S. Azevedo
Acredito que, de maneira geral, os pais desejam que seus filhos se tornem pessoas de bem, respeitáveis, honestas, justas, solidárias e que contribuam para a construção de um mundo melhor. Que sejam providos de bons princípios morais e éticos.
Esse é um grande projeto! E para concretizá-lo é necessário grande investimento! O que você tem feito para alcançar resultados positivos nesta empreitada? Você sabe que a base deste “projeto” é construída na infância?
A infância é a idade ideal para aprender valores éticos, pelo fato de não nascermos providos de tais valores, eles são aprendidos em sociedade. Considerando que a família é o primeiro núcleo social com o qual a criança tem contato, esse aprendizado se efetivará através dos exemplos vivenciados por ela nesta sua “primeira sala de aula”. Segundo Ellen G. White (2010, p.275) “a primeira professora da criança é a mãe. Nas mãos desta acha-se em grande parte sua educação, durante o período de seu maior e mais rápido desenvolvimento. À mãe oferece-se em primeiro lugar a oportunidade de moldar o caráter para o bem ou para o mal.”
Içami Tiba (1996, p.178), nos afirmou que é dentro de casa, na socialização familiar, que um filho adquire, aprende e absorve a disciplina, os valores, para, num futuro próximo, ter saúde social. É lá que a criança aprenderá a crescer como um ser humano civilizado, capaz de respeitar as leis e os outros. O ensinamento de valores desde a infância proporciona um desenvolvimento sadio para o indivíduo e para a sociedade em que vive, pois desta maneira ele será capaz de conviver em seu mundo de forma adequada, conseguindo ir em busca de suas realizações.
A maneira mais efetiva de ensinar valores a uma criança é pelo exemplo, pois a criança observa e reproduz o comportamento dos pais e/ou adultos mais próximos. Mas, além do exemplo, é importante orientar a criança apontando o que é certo e o que é errado, o que é bom ou ruim para ela e para os outros, e incentivá-la a praticar tais atitudes. A simples atitude de respeitar a personalidade e a individualidade de cada filho desde bebezinho, já demonstra à criança a importância do respeito ao outro. A criança pequena é egocêntrica, isto é, tem dificuldade de perceber o outro e se colocar no lugar dele. Os pais precisam entender esse comportamento natural da criança para que não sejam rígidos com ela na educação dos valores. Se, por exemplo, a criança não quiser dividir um brinquedo com outra é um comportamento natural, e ele não deve ser punido por esse motivo. Deve ser orientado pelos pais que dividir com o outro pode tornar a brincadeira ainda mais gostosa, bem como ser estimulado a tentar este novo comportamento.
Envolvê-los nas tarefas domésticas é uma maneira de ensiná-los a colaborar com o outro e a compreender a importância da conservação e manutenção dos objetos, visitar famílias carentes, orfanatos, hospitais infantis, pode ser oportunidade para compreenderem as diferenças sociais e as fragilidades humanas. Mas, nunca usar essas situações para chantagear a criança e conseguir dela o que desejam.
Farias (2011, p. 10) nos escreve que educação “não é aquilo que eu dou, mas aquilo que eu sou”, reforçando a importância do exemplo. Analisemos esse relato a seguir: uma criança contou o seguinte fato: sua mãe estava com “conjuntivite de mentirinha”. Pedi que explicasse por que de “mentirinha”, ela respondeu que sua mãe havia passado sabonete no olho para irritá-lo, e que não estava indo trabalhar, pois, estava de atestado médico. Perguntei o que ela achava dessa atitude, se era certo o que sua mãe havia feito. Ela respondeu que não era certo, mas que quando fosse grande e estivesse cansado do trabalho, iria fazer isso também.
Este caso é especificamente grave, pois, não se trata só da falta de princípios do indivíduo que cometeu o ato, mas, da mãe que demonstrou para seu filho, princípios morais deturpados, não se atentando ao fato de que seu filho é um ser em formação. E quantos outros casos: mãe que joga lixo no rio, aquele sofá que não serve mais é descartado no córrego perto de casa, o papel de doce ou latinha de refrigerante que é arremessado pela janela de um transporte coletivo, o “não estou em casa”, quando na verdade está, violação de embalagens no supermercado, entre outros episódios (FERREIRA, 2014).
Somos responsáveis pelos exemplos transmitidos aos nossos filhos, aos nossos alunos também. Que sejamos capazes de ensiná-los a prática de se colocar no lugar do outro, considerando o princípio cristão “façamos para os outros, o que queremos que façam para nós”. Que tenhamos consciência do que falamos e para quem falamos, do que fazemos e porque fazemos, do que podemos fazer e como queremos fazê-lo.
Apesar de sabermos que é muito difícil ser ético a todo o momento, durante as vinte e quatro horas do dia, não podemos usar isso como pretexto para continuarmos agindo com a falta desses princípios. Afinal, devemos assumir nossa responsabilidade de construir uma sólida base moral e ética na vida de nossos filhos, de maneira que, quando pensarem em justiça, honestidade, integridade, sinceridade, generosidade, eles possam se lembrar de nós.
- Prof. MSc. Inês A. S. Azevedo
Professora do Centro Universitário de Caratinga – UNEC. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/busca.do?metodo=apresentar