Muitos são os fatores que proporcionam o desenvolvimento econômico e social de uma determinada região. Entres eles, podemos destacar a rede de transporte que a interliga em outros lugares. Ao longo da história essa foi uma das preocupações e ao mesmo tempo um desafio para a humanidade: criar caminhos que interligam povos.
Ressalta-se que esses caminhos foram ganhando contornos e formas distintas. Bem como o tipo de transporte utilizado, passando por lombos de camelos e cavalos, carruagens, veículos automotores, trens, aviões, navios e outros mais.
Na História de Caratinga o transporte ferroviário merece um destaque especial, pois durante décadas foi o responsável por transportar pessoas, cargas e acabou tornando-se parte essencial da identidade do município.
Sabe-se que a produção de café está intrinsicamente ligada à História de Caratinga, nesse sentido, em concomitância com crescimento das atividades cafeeiras, em 27 de janeiro de 1927, foi assinado, pelo prefeito Dr. Agenor Ludgero Alves, o contrato de construção do trecho ferroviário, no qual Caratinga seria contemplada. Assim, outro setor econômico é incorporado ao município, o de transporte, através da construção de uma conexão da malha ferroviária que interligou Caratinga a importantes cidades e centros econômicos do período (século XX), como Muriaé, Leopoldina, Juiz de Fora, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, entre outras.
A ferrovia ao longo do tempo foi sendo construída e ganhando novos ramais e estações. Várias cidades no Brasil e em particular em Minas Gerais, foram contempladas pela rede ferroviária. Um modal que transformou, além das questões econômicas e sociais, a própria paisagem por onde era construída.
A Estrada de Ferro Caratinga a Três Rios que passava por Leopoldina, além de vários outros entroncamentos, tornou-se uma importante rota de comércio e passageiros. Para afirmar o tamanho sucesso, segundo um dos jornais da época, Jornal “O Município” (1930), a primeira locomotiva chegou em Caratinga em 31 de agosto de 1930, sendo aguardada por uma robusta aglomeração de pessoas.
Por questões envolvendo emergentes políticas públicas para o Brasil, que derivaram de novos investimentos e demandas econômicas, quase 2.000 kms de linhas férreas foram desativadas em todo o país. Entre as linhas desativadas estava a estrada de Ferro que ligava Caratinga até a cidade de Leopoldina. As atividades ferroviárias, em Caratinga, foram encerradas em 1978, justificadas pela fomentação de um novo modal de transporte, o rodoviário.
Mas ainda é possível perceber, não só na sede do município de Caratinga, mas também em alguns distritos, a exemplo de Dom Modesto, marcas do período do funcionamento da ferrovia, como algumas das estações ferroviárias, alguns pequenos trechos de trilhos, pontilhões e recentemente, a inauguração de uma réplica de um trem, popularmente conhecido como “Maria Fumaça”, na Praça da Estação em Caratinga, que vale a pena uma visita e um registro fotográfico.
Walber Gonçalves de Souza e Victor Hugo Vieira Dias são professores na Fundação Educacional de Caratinga/FUNEC.