“A Copasa quer fazer um paliativo usando Piedade de Caratinga”, afirma prefeito

Captação de água no Rio Preto para complementar abastecimento de Caratinga será discutida amanhã, em audiência pública

PIEDADE DE CARATINGA- O anúncio da captação complementar de água no Rio Preto, anunciada pela Copasa para resolver os problemas de abastecimento de Caratinga não agradou aos moradores de Piedade de Caratinga. E eles contam com o apoio do prefeito Edinilson Lopes, que comentou sobre o assunto que será discutido em audiência pública amanhã, a partir das 19h, no Espaço Cultural.

Edinilson Lopes afirma que está do lado da população, que é contra a obra (Foto: Arquivo DIÁRIO)

“Não existe acordo entre prefeitura e Copasa. O que a gente sabe é que estão querendo fazer esta transposição do Córrego do Rio Preto, essa adutora passará por dentro do território de Piedade, para atender a escassez de água do Córrego do Lage. Falam-se que já possuem outorga, mas temos um contrato que foi assinado de prestação de serviço com a Copasa em 2 de dezembro de 1997, as obrigações do município e as da Copasa. Quando a concessionária obriga-se, de acordo com terceiro parágrafo, fornecer informações ao município sobre qualquer obra ou atividade desenvolvida em seu território, bem como a qualidade e a confiabilidade de serviços; isso não foi passado pra gente ainda”, destacou.

O prefeito ainda declarou que é contra a obra como “cidadão de Piedade de Caratinga e como governo municipal”, ressaltando ainda que a empresa não está cumprindo lei municipal votada pela Câmara, sancionada pelo então prefeito de 1997. “A quarta cláusula fala: ‘Atender ao crescimento vegetativo do sistema público do abastecimento de água promovendo ampliações que se fizerem necessárias para evitar os déficits ou racionamento da prestação de serviço’”.

Audiência pública discutira captação de água no Rio Preto para atender Caratinga

O prefeito pretende contar com a presença de representantes da Copasa nesta audiência, para ouvir a população e esclarecer sobre a obra. “A Copasa tem que vir e dar o esclarecimento a população, porque isso não vai atingir o prefeito, mas o povo de Piedade. Eu tenho tempo de governo, mas a população fica. Ano passado teve audiência, ela não compareceu, se ela não vier, já temos o posicionamento. Estamos aqui para um debate de uma coisa muito séria, que afetará a todos. O Unec (Centro Universitário de Caratinga) fez um estudo e disse que a partir de 2020 começa a complicar situação do Córrego do Rio Preto. A Copasa não está cumprindo o que disse. O prefeito tem o poder legal dentro do território, jamais vou trabalhar contra a população de Piedade”.

Para Edinilson, a Copasa quer “fazer um paliativo usando Piedade de Caratinga”. “Não vou aceitar, isso vai facilitar para que resolvam o problema só de Caratinga”.

A OBRA

No dia 5 de agosto de 2016, a Copasa confirmou as obras de captação do Rio Preto para garantir a “produção de mais 100 litros/segundo”, com a finalidade de complementar o abastecimento de Caratinga, “sempre que houver necessidade”. Compõem o projeto das obras uma barragem de nível, uma estação elevatória de água bruta e mais de 7 km de adutora, que levarão a água do Rio Preto até o ponto de captação no Córrego do Lage.

Inicialmente, no cronograma, a conclusão das obras estava prevista para outubro de 2017. O valor total está orçado em R$ 5,153 milhões, recurso que já teria sido assegurado pela Copasa.

Na coletiva de imprensa concedida no dia 27 de outubro, o gerente do distrito regional Caratinga, José Augusto Neves dos Reis afirmou que não trata-se de uma transposição, como muitas pessoas dizem, pois será captado somente o necessário. A previsão é de que os serviços sejam concluídos no prazo de 10 meses. “Essa captação não vai ser para jogar no córrego do Lage, vai jogar diretamente no canal, que será utilizado para transportar água aqui para a estação de tratamento de esgoto. Às vezes a população lá fica apreensiva, que vamos tirar a água de um lugar e passar para o outro, não é isso. A gente vai tirar estritamente o necessário. Já temos aqui a outorga que foi publicada dia 1° de 100 litros por segundo e embora a gente entende que talvez não haja necessidade de se captar este valor. Quando a vazão baixa de 130 litros por segundo, existe a necessidade de ter um rodízio. Então, hoje, por exemplo, estamos com 116 litros por segundo, a gente captaria o necessário para complementar essa captação e sair do rodízio. Nesse caso, seria próximo de 14 litros para sair do rodízio, a gente continuaria com toda a nossa estratégia e não sacrificar o manancial”.