*Noé Neto
Na semana em que comemoramos o dia internacional da mulher, relembrando e ressaltando suas lutas e conquistas, levanta-se nesse artigo um questionamento sobre a condição feminina na comunidade científica.
Abrindo os livros de História da Ciência é notório a ausência de cientistas mulheres, com raras exceções que só aparecem no final do século XIX e início do século XX, destacando Marie Curie que ganhou o Prêmio Nobel de Física de 1903 e o Prêmio Nobel de Química de 1911, tornando-se a primeira pessoa a conquistar o Nobel duas vezes e em duas áreas diferentes e Rosalind Franklin, Biofísica britânica que foi pioneira em pesquisas de biologia molecular e descobriu o formato helicoidal do DNA. Mas, em geral, a ciência se apresenta como uma comunidade masculina.
É certo que vários fatores contribuíram para que assim fosse. Acredita-se que os mais determinantes sejam: a dificuldade de acesso à educação imposta por longos séculos a esse público, uma vez que as mulheres, por muito tempo, foram formadas apenas para os afazeres domésticos e não para o trabalho externo; além do evidente preconceito que existiu e ainda existe sobre sua presença nos trabalhos de pesquisa.
Ao longo da história, a luta feminista é crescente e consequentemente as conquistas vão aos poucos sendo apreciadas por todos. Assim, em um período mais recente, vemos as mulheres conquistarem diversos cargos, em diferentes setores da sociedade, inclusive na pesquisa científica.
Em nível mundial, pode se destacar, além das citadas anteriormente, Maria Mayer, Física teórica alemã que ganhou o Prêmio Nobel de Física por suas pesquisas sobre a estrutura do átomo. Entre as brasileiras, destacarei Duília de Mello, astrofísica brasileira que atualmente é professora do departamento de física na Universidade Católica de Washington e desenvolve pesquisas na NASA, no Goddard Space Flight Center. Mais próximo a nós, opto por ressaltar o nome da grande professora e pesquisadora Ivoni de Freitas Reis, por longos anos professora do UNEC, que hoje é professora permanente da Universidade Federal de Juiz de Fora, onde atua como subchefe do departamento de química e coordena o PIBID – Subprojeto Química Presencial, além de ser a atual delegada do Conselho Regional de Química de Juiz de Fora.
Essas mulheres, entre tantas outras, nos enriquecem de conhecimento e abrem portas para que outras brilhantes mentes enveredem por esses caminhos. Assim, mostram que não é por acaso que o artigo que define Ciência é feminino. Afinal, delicadeza, sutileza e riqueza de detalhes, são características tanto femininas quanto científicas, respondendo de vez ao questionamento sem deixar dúvidas que a ciência tem “alma” feminina.
* Noé Comemorável de Oliveira Neto é professor da FUNEC no Centro Universitário de Caratinga e na Escola Professor Jairo Grossi. Graduado em Física pelo UNEC, com especialização em Ensino de Física pela mesma instituição e mestrado em ensino de Física pela Universidade Federal de Viçosa, atua em pesquisa voltada para a Educação de Jovens e Adultos. Apesar da formação voltada ao ensino de ciências, o professor possui algumas publicações também na área literária, com contos e poemas publicados em antologias.
Mais informações sobre o autor(a), acesse: http://lattes.cnpq.br/9593195349973608