Raul Soares recebe em festa estudantes premiados em olimpíada de matemática na Tailândia
RAUL SOARES- Os estudantes da Escola Estadual Regina Pacis, localizada em Raul Soares, deram um grande exemplo de talento e dedicação ao representar o Brasil na International Talent Mathematics Contest (ITMC) 2025, a maior competição de matemática do mundo. A delegação brasileira, composta por 53 participantes, sendo 38 estudantes, fez história ao conquistar importantes prêmios em Bangkok, na Tailândia, no dia 23 de fevereiro.
A competição de alto nível, realizada em inglês, trouxe desafios significativos para os competidores. Entre os premiados, Gabriel Nonato Fonseca de Almeida, de 16 anos, obteve uma menção honrosa, enquanto Thiago Chaves de Abreu, de 17 anos, conquistou a medalha de bronze. Eles foram acompanhados pelos professores Itaciane Toledo, de matemática, e Wallasson Fernandes Martins, de língua inglesa.
Além de ser um grande marco para a educação pública de Raul Soares, a competição contou com a participação de cerca de 600 estudantes de países asiáticos, como Bangladesh, Camboja, Indonésia, Filipinas, Malásia, Singapura, Tailândia, Taiwan e Vietnã, conhecidos mundialmente pelo excelente nível de ensino e desempenho em matemática.
A CHEGADA DOS VENCEDORES
A equipe retornou vitoriosa e foi recepcionada com grande festa pela comunidade de Raul Soares. A reportagem do DIÁRIO DE CARATINGA acompanhou o momento de celebração, que incluiu uma carreata pelas ruas da cidade. Os estudantes, acompanhados pelos professores, foram conduzidos em um carro dos bombeiros militares, passando pelas principais vias da cidade, onde a população prestou sua homenagem.
O estudante Gabriel Nonato não escondeu a emoção ao falar sobre a experiência. “Foi a realização de um sonho, né? Tem bastante tempo que estou querendo realmente participar de uma Olimpíada Internacional e essa foi minha oportunidade. Confesso que quase não fiz a Olimpíada, mas no último momento resolvi fazer, passei. Foi uma experiência muito especial pra mim, é algo muito grandioso”.
Ele destaca que a prova teve seus desafios, mas, que o resultado correspondeu às expectativas. “A matemática em si, se você aprende ela, no mais é só fórmula. Você só tem que saber aplicar, mas chega lá, a prova em inglês, um momento que em si já dá uma tensão. Confesso que complica um pouco, mas é muito bom a experiência. É um choque cultural, comida, conhecer um povo novo, uma nação diferente. É uma experiência bem única mesmo”.
Gabriel também compartilhou seus planos para o futuro. “Estou no 2° ano do ensino médio. Tenho o projeto de fazer Direito e subindo, né? Porque o pessoal fala, Direito é só advocacia, não é. Tem várias áreas dentro do Direito”.
Para Thiago Chaves, a experiência foi uma surpresa e um grande aprendizado. “Eu não estava esperando, né? A Itaciane, a nossa professora, ela chegou com essa notícia assim, bem de repente. Quando eu penso assim, meu Deus, eu quero participar disso, eu quero poder ir para outro lugar e representar o nosso país, o nosso estado. E foi isso, para mim foi algo muito incrível poder participar, fazer as provas”.
Ele ressaltou a importância de sua dedicação durante o período de preparação. “Foi algo que veio para acrescentar na minha vida, foi algo que eu percebi que a minha vontade de estudar cresceu muito depois disso. Fiquei estudando, porque os professores decidiram que eu poderia ficar um tempo fora da sala para poder estudar, me dediquei e com certeza vale a pena”.
O momento da premiação foi marcante para Thiago. Ele consegue descrever a cena em sua mente, deixando claro que  aquele momento foi inesquecível. “Não estava nem acreditando mais que eu poderia ser premiado. Então o nosso professor Wallasson falou: ‘É campeão’. Olhei assim no telão e na hora me deu uma emoção tão grande. Não estava nem acreditando na hora”.
Ele também destacou seus próximos passos na vida escolar. “Já estou no 3° ano do ensino médio, então, esse é meu último ano aqui na escola. Ainda não tenho muita noção do que eu vou fazer, mas, pretendo fazer um concurso público ou continuar na área acadêmica, continuar os estudos e é isso.”
A professora de matemática, Itaciane Toledo, destacou o processo de preparação dos alunos, que começou com a inscrição para a Olimpíada Internacional Matemática sem Fronteiras. “Essa competição já existe há muito tempo. E aqui na escola, inclusive, a gente nunca tinha feito. Dois alunos me procuraram falando que já abriu a inscrição da Olimpíada Internacional Matemática sem Fronteiras, vamos fazer? Aí topei na hora, falei, lógico, pedi para fazer a inscrição”.
Ela relembrou a dedicação dos alunos, que se prepararam fora da sala de aula. “Nas minhas aulas, colocava os meninos para estudarem, houve todo um preparo. Eu entregava o notebook para eles, o Chromebook, falava assim, vocês vão dedicar para essa Olimpíada. Eles saiam da sala, iam para a biblioteca, estudavam, assistiam vídeos. O resultado veio pelo fruto e a dedicação dele”.
Itaciane também celebrou a oportunidade de viajar com os alunos para Bangkok. “Foi uma experiência incrível, tivemos a oportunidade de ir para Bangkok e não foi fácil. A equipe se uniu e nós alcançamos essa vitória. E melhor ainda, trouxemos bons resultados, que refletiram positivamente na sala de aula”.
A professora afirma que já observou o impacto nos demais alunos após a competição. “Percebi que ficaram motivados, me pedindo material, perguntando quando vai ter de novo. Eles estão muito empolgados, motivou demais os alunos, serviu de inspiração para eles”.
O professor de língua inglesa, Wallasson Fernandes Martins, destacou a importância do domínio do inglês, já que a prova foi aplicada nesse idioma. “Apesar da prova ser matemática, ela envolve vários países, principalmente lá que todos os países eram asiáticos competindo, exceto o Brasil. Então, para ficar justo, colocaram inglês, que não era idioma oficial de nenhum dos países competidores. Os meninos não tinham só que ser bons na Matemática, eles tinham que saber interpretar textos em inglês”.
O professor considera uma experiência enriquecedora para os alunos, que tiveram que usar o inglês no dia a dia da viagem. “Eles cresceram muito nesse processo também e começaram a enxergar que o inglês não é um idioma só para você saber que ele existe, mas as portas que ele te abre, a porta que a língua te traz, ninguém fecha.”
A diretora da escola, Lucilene de Jesus Pires Mol, demonstrou sua gratidão pelo esforço de todos os envolvidos. “Só tenho a agradecer, né? A palavra de ordem de hoje é gratidão: ao Wallasson, a Itaciane, que foi a idealizadora do projeto e aos nossos meninos que fizeram com que nossa escola pudesse subir ao pódio”.
Ela também reconheceu o apoio institucional que possibilitou a realização do sonho dos alunos: “Precisamos agradecer também ao prefeito municipal que deu uma contrapartida de deslocamento de Raul Soares a São Paulo. Também a Superintendência de Ensino que abraçou a nossa causa, acreditou no nosso projeto, e a Secretaria de Estado de Educação, que com o recurso liberado possibilitou a realização desse sonho”.
Agora, com a medalha de bronze conquistada, a Escola Estadual Reginal Pacis está focada na preparação para a terceira etapa da Olimpíada, que será realizada no Japão. A equipe está em busca de apoio financeiro para levar os estudantes para mais uma etapa de sucesso. Com tanto talento e dedicação, a escola mostra como a educação pública pode transformar vidas e inspirar outros jovens a perseguirem seus sonhos acadêmicos.
- A professora Itaciane Toledo, os estudantes Gabriel Nonato e Thiago Chaves; e o professor Wallasson Fernandes receberam homenagem da escola
- A equipe na Tailândiav
- Os estudantes Gabriel e Thiago durante participação das provas
- Em carreata, estudantes passaram pelas principais ruas da cidade no carro dos bombeiros