Não acredito em liberdade
Não quero me repetir
Seja onde for, estou só e não posso voltar atrás
Todas as barreiras imaginárias foram destruídas
Criação, realidade obstruída
Desejo à você toda felicidade
E que não seja dolorosa a viagem
Não é necessário sentir minha falta
Não é necessário me esperar
E nem perder a calma
Ela me esperou por todas as noites
Mesmo sabendo que eu não voltaria
Suas lágrimas atormentavam a vizinhança
Seus joelhos sangravam enquanto pagava por suas penitências
Seus olhos negros estavam fundos e sem brilho
Provavelmente, não enxergavam mais
Sem alma, contra tudo o que eu acreditava
Me enforquei ao som de Cartola
Ela estava lá, agonizando
O odor lembrava algo similar à vinho
Vislumbrava pequenas pegadas no chão
Quase que cobertas pela poeira azul dos faraós
A casa abandonada no fim da rua conversou comigo
Enquanto eu morria
E a imagem de seu corpo em chamas, sorrindo
Iluminava o ar como uma vela
E refletia teu rosto
Através da neblina cinzenta que Lord Byron se inspirava
Misturada à sua dor que, já carbonizada, se transformava em cinzas
Acelerando a linha do karma
Ópio para os desesperados
Paulo Bonfá
Produtor Cultural
luadecera.blogspot.com