CARATINGA – Roberto Miranda Pimentel Fully é mestre em Ciências Contábeis pela Fucape Business School – Vitória (Espírito Santo); especialista em Auditoria Contábil e Financeira pela Faculdade Machado Sobrinho – Juiz de Fora; graduado em Ciências Contábeis pelas Faculdades Integradas de Caratinga.
Sócio diretor da empresa Kedos Consultoria de Negócios, atuou como superintendente administrativo da Rede de Ensino Doctum e coordena o Curso de Ciências Contábeis da unidade Doctum de Manhuaçu. Roberto ainda é ex- secretário de planejamento do município de Manhuaçu e membro do Conselho Municipal de Contribuintes de Caratinga.
Em entrevista ao DIÁRIO DE CARATINGA, ele fala sobre a importância da estratégia na gestão dos negócios.
Qual é a importância do planejamento e de uma boa gestão de projetos para as empresas?
O brasileiro é visto como improvisador, que sempre dá “jeitinho” para tudo. Os empreendedores e empresários já perceberam que gerenciar um negócio não pode ser na base do improviso, pois existem muitos fatores de riscos que impactam sobre os empreendimentos. O Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) faz uma pesquisa muito interessante sobre a mortalidade das pequenas empresas. A mortalidade das empresas no Brasil ainda é muito alta, pois a cada 10 empresas abertas somente cinco conseguem ultrapassar os cinco anos de atividade. Então a importância do planejamento é buscar garantir a sobrevivência no mercado. A boa gestão está intrinsecamente ligada ao planejamento.
Quais são os desafios do desenvolvimento do empresariado no interior?
O primeiro desafio é verificar o potencial do mercado onde irá atuar. Nos grandes centros existem muitos concorrentes, mas a densidade demográfica é alta dando acesso ao empreendedor a um maior número de consumidores. Acertar o produto e o serviço a ser ofertado no interior representa um risco maior. Outro desafio está em qualificar a mão de obra. Atividades muito específicas podem apresentar uma dificuldade em se obter mão de obra qualificada, assim é sempre bom avaliar a capacitação dos seus profissionais. O interior também implica ao empreendedor um maior custo relativo aos seus suprimentos.
Muito se fala que é necessário ter estratégia ao começar um negócio. O que é verdadeiramente ter estratégia?
Na verdade discutimos o planejamento estratégico nas empresas, e este planejamento é fundamental, pois irá alinhar o perfil da empresa aos riscos que ela está disposta a correr. O planejamento estratégico aponta uma visão de longo prazo para a empresa e propõe um caminho a ser seguido. Como diria Peter Drucker, “se quiser prever o futuro você deve criá-lo”.
Qual é a maior dificuldade dos empreendedores? Esse mesmo entrave se faz presente para aqueles inexperientes?
Anteriormente falei das dificuldades de se empreender no interior, mas existem alguns entraves que são comuns a todos empreendedores. Vejamos: (1) Burocracia – Nos países desenvolvidos você consegue abrir uma empresa em apenas um dia, no Brasil é praticamente uma via-crúcis. São taxas e mais taxas, idas e vindas de órgãos fazendários, cartórios e juntas. (2) Carga tributária – Quanto maior a carga tributária menor é a locação de recursos no setor produtivo. Existem outros fatores relevantes, mas estes dois são os que têm maior impacto sobre todos.
Nem todo empresário é um empreendedor, embora todo empreendedor possa ser um empresário. Como o senhor avalia esta questão?
Isto é uma grande verdade o empreendedor é sempre um visionário. O empresário tem um perfil mais conservador de manutenção do seu negócio, isto não é ruim é bom, mas quando se tem um empresário empreendedor ele alça voos maiores sempre. A capacidade de inovação reside no empreendedor.
Como enfrentar as idas e vindas do mundo dos negócios?
Com planejamento, organização, controle de processos e custos, acompanhamento do mercado e do concorrente. Os concorrentes e os clientes são os que mais ensinam no mundo dos negócios. Não ouvir o cliente é perder a oportunidade de satisfazer uma necessidade e assim fidelizá-lo, não acompanhar o concorrente é egocentrismo empresarial.
Como o senhor definiria o potencial de Caratinga em relação à expansão empresarial?
De grande potencial. Caratinga é uma cidade polo, uma cidade universitária e prestadora de serviços. Havendo alinhamento dos setores públicos e privados para organizarem os arranjos produtivos locais e suas respectivas cadeias produtivas aumentará em muito o potencial da cidade. Caratinga precisa explorar mais o seu potencial turístico, ambiental e se consolidar como uma cidade prestadora de serviços.
“Caratinga precisa explorar mais o seu potencial turístico, ambiental e se consolidar como uma cidade prestadora de serviços”
“Acertar o produto e o serviço a ser ofertado no interior representa um risco maior”