CARATINGA – Com apenas 20 anos, negro, vindo de uma comunidade carente, Pedro Péricles é uma bailarino completo, e seu amor pela dança é avassalador. Vencendo preconceitos e quebrando as barreiras da vida, o bailarino já se apresentou para grandes públicos e afirma dançar de tudo. “Botou a música, estou lá dançando, posso não saber que música é aquela, mas colocou a música fico ali, mas eu danço. Das modalidades que as pessoas conhecem eu danço jazz, danço balé, danço funk, que é o preferido de todo mundo, danço sertanejo, forró, zumba…”, conta Pedro Péricles.
O bailarino também dança stilleto, que é com salto, mas garante que sua dança preferida é a contemporânea. E no programa Conectados com Marcy Lopes, Pedro conta sua trajetória na dança e onde ainda almeja chegar.
Com quantos anos começou a dançar, teve alguma influência da sua família?
Então, dançar eu danço desde que eu nasci, acho que já saí da barriga da minha mãe assim, já querendo dançar. Mas comecei a dançar profissionalmente com 16 anos, se eu não me engano foi em 2017, quando comecei a estudar de verdade sobre dança na Aplauso, escola de dança aqui de Caratinga. E foi lá que eu descobri o mundo profissional da dança, foi lá que eu descobri que poderia trabalhar com a dança, que eu poderia ser bailarino, que poderia enfim viver de dança, da minha essência. E a minha influência na verdade, minha família foi muito festeira então sempre teve muita festa na minha casa, todo mundo sempre dançou, e eu sou de comunidade, então a vizinhança é bem festeira, todo mundo dança. Mas eu soube quando eu comecei a estudar sobre dança, que minha mãe participava de competições quando ela era mais nova, ela dançava lambada, se eu não me engano ela participou de competições, ela era lambadeira, ela dançava. Acho que a dança sempre esteve no meu sangue, sempre esteve na minha ancestralidade, na minha vida, antes de pensar em nascer, já existia dança na minha vida.
Quando começou sua formação em dança, quem custeava suas aulas?
Então como foi em 2017 que comecei, mas eu já conhecia a Aplauso. Quando eu era mais novo, queria ter entrado porque minha amiga iria, mas enfim né, questões da vida. Mas também meus pais não tinham condições para me colocar, porque tem um valor a ser pago na escola, então em 2017 quando eu tinha 16 anos entrei na ‘Aplauso’ com meu próprio dinheiro, porque eu comecei a trabalhar, e aí eu tinha condições de pagar. Parei de fazer academia e comecei a fazer dança, o que eu gostava mais, e aí eu comecei com 16 anos, e eu mesmo custeava as minhas aulas, as minhas mensalidades. Mas o dinheiro já não estava dando, porque a gente quando é bailarino, tem figurinos, tem gastos com sapatilha, com roupa, existe todo um processo pra poder conseguir dançar com uma qualidade melhor. Tem a questão da alimentação, como eu dançava muitas horas por dia, eu tinha que ir à padaria comer uma coisa para aguentar. Então eu pedi uma bolsa, e consegui essa bolsa né Tia Jú. Obrigada Juliana Anselmo, ela me deu essa bolsa né. Porque os meninos têm mais facilidade com essa questão, eu acho em que todas as escolas têm mais que tem facilidade, porque tem muito menos meninos que meninas, aí consegui essa bolsa e parei de pagar a mensalidade e comecei a pagar meus figurinos, sapatilhas, meias, enfim, os outros gastos.
Quais estilos você dança, e qual o seu preferido?
Então, eu danço de tudo né. Botou a música, estou lá dançando, posso não saber que música é aquela, mas colocou a música fico ali, mas eu danço. Das modalidades que as pessoas conhecem eu danço jazz, danço balé, danço funk, que é o preferido de todo mundo, danço sertanejo, forró, zumba… Existem muitos, eu danço tudo que você imaginar, você pode ter certeza que mesmo que eu não saiba, vou estar lá dançando. Mas o meu estilo preferido é a dança contemporânea, acho que nem é todo mundo que conhece, porque é um pouco diferente, mas ela é uma dança que traz muita pesquisa, muito entendimento do corpo, do espaço, do tempo… Enfim é muita pesquisa, me identifico muito com ela, gosto muito dela por causa disso, porque ela me dá liberdade de ser quem eu sou, independente de tudo, eu consigo trazer a parte de movimento, parte da minha essência e do meu ser.
Soube que você dança Stiletto, que é com salto. É muito difícil?
Conheci o Stiletto quando comecei a dançar profissionalmente, não sei se foi em 2017 ou 2018, mas eu acredito que foi em 2017, que eu fiz uma apresentação, dancei de salto. Quando eu comecei o Stiletto em 2017, tomei quase uns 45 tombos, mas a gente vai aprendendo, vai fortalecendo os tornozelos, e ai eu comecei a dançar direitinho, mas não é uma dança muito fácil, mulheres aí, e até homens que colocaram salto e não conseguiram andar, entendem como é que funcionam as coisas, imagina dançar? O ‘bagulho’ é doido, tem todo um posicionamento do pé, então é difícil, mas eu consegui. Em 2017 foi a minha primeira apresentação de Stiletto, fui dançar e eu não tinha salto, aí eu pedi a minha amiga uma bota emprestada, eu falei com ela: amiga me empresta uma bota porque preciso dançar, aí o salto era maior, era mais grosso, aí não tinha problema cair e quebrar o tornozelo. Ela me emprestou a bota dela, mas era número 37, eu calço 41. É gente, imagina… Levei o secador pra poder larguear a bota, aí foi uma confusão, mas dancei. Quando saí do palco meu pé queria me matar, se ele tivesse vida própria ele dava um socão na cara. Mas é isso, uns dos perrengues que eu vivi na dança, que eu estava com o salto 37, calçando 41.
Você já consegue viver financeiramente da dança?
Sim. Hoje em dia minha renda é até legal, dá para sobreviver morar sozinho, eu só não moro sozinho ainda. Mas hoje em dia eu ganho bem dançando. Trabalho só com dança, dou aula em academia, dou aula em escola de dança. Dou muitas aulas, e isso me possibilita ganhar uma quantidade a mais né. Mesmo sendo aqui em Caratinga, que o valor pago não é tão alto, mas como o custo de vida aqui, por ser uma cidade pequena é menor, então eu consigo viver. Enfim, hoje em dia é tranquilo, mas eu comecei recebendo pouquinho.
Qual foi sua maior apresentação e onde foi?
Nossa senhora, eu já fiz tanta apresentação, graças a Deus. Mas vou listar um top três. Em 2018, fiz uma apresentação no JEMG (Jogos Escolares de Minas Gerais), que de vez em quando acontecem aqui. Se não me engano, foi na etapa estadual onde vêm escolas do estado inteiro, e aí foi uma confusão, foi lá no campo do Caratinga, e eu acho que no mínimo tinham cinco mil pessoas, só de atletas deviam ter uns dois ou três mil. Foi a maior que eu já fiz, e as minhas apresentações de festival sempre tem bastante pessoas. O teatro onde a gente apresenta tem capacidade para 300 pessoas sentadas, aí ficam pessoas em pé, fica aquela confusão. Eu participei de uma competição também em Itaúna, que fica perto de Belo Horizonte, aí tinham umas mil pessoas. Mas todas apresentações considero como grande porque de certa forma, é grande não só em questão de espaço, ou de pessoas, mas de significados, cada uma delas me traz experiência, cada uma delas me faz ser quem ser quem eu sou e me ajuda nesse processo. Acho que todo bailarino pensa assim, de que toda apresentação é grande apresentação. A última apresentação que eu fiz, foi umas das maiores, porque teve um acontecimento muito legal pra mim, nem todo bailarino gosta disso, mas eu nunca tinha caído no palco, aí bonito fez o quê? A gente estava fazendo uma apresentação, que era um remake de uma coreografia. Aí tinha uma parte que eu e a Vivi Lopes, a gente trocava de lugar no palco dando um salto, aí a gente foi fazer o salto e a gente topou no ar, e caiu para o chão afora. Foi o maior tombo da minha vida, e eu adorei, porque posso falar que sou um bailarino, e eu já caí no palco.
Você acredita que ainda existe preconceito com homens que dançam?
Demais. Comecei muito tarde na dança, comecei com 16 anos porque os meus pais, além de não terem condições de pagar pra mim uma escola de dança, as pessoas ao redor deles, que vieram da zona rural, tinha esse pensamento mais fechado. E as pessoas ao redor, vizinhos e parentes que a gente conhece, quando o povo não tem o que fazer, vai cuidar da vida dos outros, dar opinião. Quer se meter, dar opinião, colocar o bico onde não é chamado… Não fui colocado na dança antes por conta dessa questão de preconceito, eu acho que a gente está num processo, está vivendo um processo, que as pessoas estão começando a se impor mais, e apresentar quem elas são, e não ter medo de preconceito. Mas ainda sim existe muito preconceito, dou aulas em academias também, e eu tenho muitos amigos da academia, que na academia, que me falam realmente, que não dançam porque os outros amigos dele da academia, eles comentam quando os caras estão lá dançando ou fazendo qualquer outra modalidade que não seja musculação, é de um preconceito num nível tão assim, de uma mente tão pequena, que é quase inacreditável, ainda existe muito preconceito. É algo muito presente na dança, todas as pessoas acham que todos os caras que dançam são homossexuais, eu já cheguei a pensar assim porque a gente é de uma cidade menor. Então quando eu tive a experiência de ir pra fora, de ir para BH, eu conheci vários bailarinos que são heteros, que são casados, que tem filhos, eu fiquei assim: não é que é verdade que tem bailarino hetero. O preconceito é algo que está enraizado na gente, mas cabe a nós saber se vamos continuar com ele, ou não, porque eu já tive esse preconceito, e hoje em dia eu não tenho mais. Então assim, é pesquisar e se informar, a informação está aí, você pega se quiser.
Você também tem experiência com a dança afro. O que esse estilo te proporciona?
Sim, eu tenho. Conheci a dança afro a partir de uma amiga, a Agda. Desde de pequeno eu danço, já tive apresentações com 12, 13 anos, cheguei a fazer apresentações lá na minha comunidade mesmo. Então o pessoal sempre soube que eu dançava, então nessa comunidade eu comecei a fazer as aulas de graça, porque eu não tinha condição financeira, o que traz a importância e o ressalto de que instituições façam essas boas ações, de doar dinheiro, doar maneiras com que pessoas carentes tenham acesso a arte, acesso a dança, porque isso é muito importante. Existe muita pessoa talentosa que não tem condição de pagar, o custo ele pode até não ser alto, mas tem gente que não tem condição alguma, eu já fui uma dessas pessoas que não teve condição, então se eu não tivesse a oportunidade de conhecer isso gratuitamente com programas sociais, com instituições sociais, nem saberia que eu amaria aquilo, e nem estaria aqui hoje nessa entrevista falando para várias pessoas, que isso é importante, e que isso me fez quem eu ser quem sou hoje. Então eu conheci nessa comunidade uma amiga ela é da dança afro ela trabalha muito com a dança afro, e dança afro resgatou a minha identidade como um homem negro, como uma pessoa que tem essa ancestralidade. Nós que somos brasileiros temos sangue negro correndo na veia, e a dança afro pode me resgatar e me trazer pra essa presença artística que eu sou, num todo num processo total que eu tive que passar, para me entender como um artista. A dança afro me resgatou, fiz várias apresentações, amo me apresentar, já montei solos com temáticas de orixás, gosto muito da dança afro.
Já dançou com algum bailarino famoso?
Sim. Quando fui para BH, tive toda a experiência que eu não tive na vida. Tive oportunidade de dançar com dois bailarinos que admiro assim, num nível muito grande, que é o Rafael Bittar e a Sílvia Gaspar, eles são bailarinos do Grupo Corpo, que é uma das principais companhias do Brasil, e é daqui de Minas, de BH e aí eu conseguir fazer o Master Class com eles, dancei coreografia deles, amo o Grupo Corpo, uns dos meus sonhos como bailarino em realização. E também nesse mesmo curso, nesse mesmo evento que eu dancei com eles, eu dancei com o Tiago Montalti que é um cara que é muito famoso na internet, ele começou antes mesmo de virar febre essas trends do tik tok, ele já montava coreografias. Fiz o curso com nome de Dance Fusion, ele tem um estilo bem característico dele de dançar, então eu tive a oportunidade de dançar com ele, e hoje em dia ele tem um milhão de seguidores no instagram, então eu tive oportunidade de dançar com ele, e foi uma experiência bem legal.
O que você espera alcançar e demonstrar com sua dança?
Bom, eu espero que assim como está acontecendo hoje, ser convidado aqui pra falar pra muitas pessoas sobre a dança, como a dança me resgatou, como a dança me salvou, como a dança me fez ser como eu sou. Espero que eu continue mesmo que de pequenas e pequenas maneiras, eu continue levando a minha arte e a minha essência para as pessoas, porque talvez tenha mil pessoas assistindo a gente, se uma delas se tocou com esse nosso papo, e conseguiu entender a importância isso pra vida das pessoas de uma forma geral, porque não é só bailarino que pode dançar, todo mundo pode dançar. E a dança, a música, ela resgata a alma, ela resgata o nosso ser, então se eu conseguir levar pouco a pouco isso para as pessoas, para que as pessoas comecem a entender a importância da dança na vida de todo mundo, pra mim já é muito gratificante. Eu tenho em média hoje uns cem alunos, às vezes menos, às vezes mais, porque alunos são bem incertos, entra um, aí sai outro. E também no meu instagram as pessoas me veem, eu danço lá, faço gracinha, divirto as pessoas, então eu espero que eu consiga levar essa minha essência, essa minha verdade, esse meu ser artístico, para que todas as pessoas consigam entender essa beleza que é a dança, essa magnitude que é poder dançar, que é poder se movimentar, e inclusive todo mundo sabe dançar sim, você só não se reconheceu ainda como um ser que se movimenta.
PING – PONG
Dança – Contemporânea
Música – Agitada
Ídolo– Eu mesmo
Família – Minha mãe
Um lugar para dançar – Aplauso Escola de Dança
PARCEIROS
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