Me permitam iniciar este artigo expressando a minha profunda compaixão por aqueles que foram diretamente atacados pela crise pandêmica, seja na infecção própria, ou na perda irreparável de entes queridos, que se somam numa multidão. Meu coração vai até vocês com consternação, especialmente com os moradores de rua, sem teto e refugiados espalhados pelo mundo.
Eu acho, porém, que pessoas que não ficaram alienadas, que têm sensibilidade para a necessidade alheia e que não perderam o senso de dignidade, essas, eu diria, estão “infectadas” por outra pandemia: a pandemia da solidariedade.
Sempre é tempo de cumprirmos o propósito principal pelo qual fomos criados. Não somos uma ilha, mas um planeta que está à beira do colapso. A pergunta que eu colocaria é como podemos permanecer saudáveis, habitando num mundo enfermo.
O futuro vai nos trazer as respostas para muitas de nossas indagações. Vale dizer que esta pandemia trouxe à tona em toda a parte no mundo, um espírito de solidariedade. No meio desta catástrofe, empresas, indivíduos, comunidades e muitos “anônimos”, iniciaram um processo criativo de empatia com a dor e a necessidade do outro.
Nesta crise o “FIQUE EM CASA”, ou, então, o distanciamento social, passou a ser a regra máxima para todos. Necessidades como: Fazer compras; Ir à farmácia; Cuidar das crianças trancadas em casa; Ir à academia, barbeiro, igreja, ao encontro com amigos! Estas e muitas outras perguntas têm sido feitas, esta lista pode continuar: empresas e comércio de portas fechadas, fábricas paradas. A indústria do turismo em pausa indefinida. Governos desorientados, equipes médicas, hospitais, a igreja, comunidades de socorro, todos afetados, em crise. CONTUDO, UM POVO se mobilizou, iniciando uma CORRENTE DE SOLIDARIEDADE.
Pequenas e grandes ações de compaixão e empatia solidária ajudaram a muitos, espalhando esperança e resgatando a dignidade de muitos. Da mesma forma, empresas e indústrias se mobilizaram com projetos de doações, tanto de insumos médicos, farmacêuticos, bem como financeiros, beneficiando comunidades, municípios e países.
Esta corrente pra frente, explodindo em tempo de pandemia tem sido reportada amplamente pelos canais de comunicação, e “infectando” por sua vez cada vez mais àqueles que fazem parte do sistema global, com a compaixão e mutualidade: verdadeiramente, o ser humano se expressando em sua melhor atitude.
Diante deste quadro histórico nunca outrora presente, torna-se impossível destacar quem são os campeões que iniciaram este mover simpático e tremendamente significativo. Gostaria – portanto – de afirmar aqui e agora, que a vencedora é a aldeia humana, e o maior beneficiário é o planeta terra.
A solidariedade, como elemento de ligação humana eficaz e sumamente eficiente, ganhou um espaço em nossa sociedade mundial, fechando as portas da indiferença e da individualidade egoísta, abrindo, contudo, um mundo para a cultura alheia, da alteridade.
E o “Human Lives Matter” (Vidas Humanas Importam), faz parte disso? Sim e não. O slogan não representa de forma completa a visão integral, a cosmovisão da nova cultura de solidariedade pandêmica, porque ele ainda destaca o sistema antigo, pré- pandemia. Mas “Black Lives Matter“, este, sim, de forma clara e direta, representa a atitude da recém-nascida nova cultura, porque destaca a importância daqueles que nunca foram importantes. Por isso, o slogan mais completo é “All Lives Matter” (Todo Ser Humano Importa).
A charge abaixo representa bem essa atitude: a “pessoínha” menor é elevada ao mesmo nível, e todos ao redor se voltam para ela – assim, ela fica do mesmo tamanho, e é reconhecida como igual de fato.
Queria concluir assim: CHEGOU O TEMPO de olhar para estes, os esquecidos, não com os olhos de piedade e dó, mas COM OLHOS QUE DEVOLVEM A DIGNIDADE com que foram criados.
Assim, a solidariedade não é apenas algo para ser descrito, mas para se FAZER. É uma ação individual-coletiva digna de ser instalada em toda a face do planeta. Esta pandemia nos trouxe muitas lições, para serem aprendidas para sempre.
Muitos de nós estamos infectados por este vírus bendito da solidariedade, outros iniciaram sua carreira com um novo espírito da solidariedade – assim, estamos formando uma corrente solidária extasiante, e nos transformaremos numa nova cultura de solidariedade.
Que viva o planeta que nos hospeda, e nele homens e mulheres de todas as raças e nações!
(TEO-CRÔNICA escrita por WILMA LUCIA LEITÃO KRUGER, Engenheira-Arquiteta, Professora de Engenharia – Doctum, e cursando TEOLOGIA na Faculdade Uriel de Almeida Leitão.)