Júnior foi apresentado como atleta sub-11 das categorias de base do Clube Atlético Mineiro
PIEDADE DE CARATINGA- Creiler Lúcio Venâncio Júnior, de apenas 11 anos, foi aprovado e agora faz parte das categorias de base do clube Atlético-MG. O garoto que nasceu nos Estados Unidos e residia em Piedade de Caratinga desde os cinco anos de idade, realizou o teste nos dias 28 de janeiro a 1° de fevereiro de 2019 e surpreendeu pela habilidade e intimidade com a bola. Ele foi apresentado como atleta do sub-11 na última segunda-feira (4), na Cidade do Galo.
O CT do clube alvinegro está localizado em Vespasiano, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte, por isso, a família precisou se mudar para a capital. De acordo com Creiler Lúcio Venâncio, pai de Júnior, o atleta mirim começou sua vida no futebol logo que chegou ao Brasil e aos sete anos de idade, já despertava a atenção de ‘olheiros’.
Ele resume um pouco da maratona do garoto, que já coleciona 60 medalhas e dezenas de troféus. “Chegamos dos Estados Unidos em 2013. Todo campeonato que vinha só artilharia. Ele começou a treinar com o Luiz Formigão no CTC (Caratinga Tênis Clube); depois com o Cristiano Honório em 2014 e já jogou para a AABB de Caratinga, Luizinho do América e Beira Rio. Foi campeão diversas vezes pelo time de Piedade. E foi artilheiro do último ipatinguense sub-10”.
A oportunidade de integrar a base do Atlético-MG se deu após o excelente desempenho na 56ª edição da Copa do Brasil de Futebol de Base, realizada no estádio Renive Machado, na cidade de Irupi/ES, de 20 a 27 de janeiro. Júnior jogou para o time do Esporte Clube Beira Rio e foi artilheiro sub-13. “Me falaram: ‘Tem que ir lá no Galo. Segunda-feira tem teste’. É uma semana de avaliação, ficou de segunda a quarta, folgou quinta, sexta teve um treininho leve e já deram o veredito: ‘Seu menino já está na base do Galo, não ficou monitorado nem nada. Já vai fazer parte do time sub-11 do Galo’. Foi o primeiro teste dele. Achei que ia ficar nervoso, mas bateu e entrou”, disse o pai, orgulhoso.
Creiler faz questão de agradecer um apoio importante para a conquista do filho nesta competição, que abriu as portas para o teste. “Tenho que agradecer demais o Maicom do Bairro Santo Antônio, ele trabalhava na AABB de Caratinga e fez a preparação do Júnior para ir no campeonato de Irupi. É humilde e faz de coração. Também quero agradecer ao Danilo Alves de Dom Modesto”.
O ATLETA
O centroavante Júnior é bastante carismático. Ele começou a entrevista com a camisa do Atlético/MG e depois fez questão de vestir o uniforme da Escolinha Piedade Futebol Clube, onde treina há quatro anos com Cristiano Honório. O pai brinca: “Já fez quantos gols numa partida com essa camisa?’. Ele responde sorridente: ‘Seis’”.
O atleta-mirim considera o período de treino com Cristiano como fundamental para seu desenvolvimento como atleta, seja no futebol de campo ou no futsal, onde também demonstra habilidade. “É muito bom treinar com ele, aprendi muita coisa. Aprendi jogar campo, futsal maioria das coisas aprendi foi com ele. Ele me ensinou muita coisa na vida”.
Sobre a experiência de realizar um teste e estar na Cidade do Galo, o atacante fala empolgado que já se integrou com o ambiente. “Foi muito bom. Estava esperando, quando cheguei lá meu pai me deu a notícia fiquei feliz demais. A cidade lá é boa, a formatura lá é boa, a estrutura, tudo lá é bom. Já conheci muita gente, fiz amizade com quase o time inteiro”.
Por outro, fica um pouco de ansiedade com a mudança de cidade, mas Júnior encara de maneira tranquila. “Vou perder meus amigos aqui, mas lá vou fazer mais amigos. E também posso visitar Piedade de Caratinga”, afirma.
O atleta sonha em ser jogador profissional. Questionado sobre quem admira no futebol, ele declara veemente: “Meu ídolo é Harry Kane”, disse se referindo a Harry Edward Kane, que é um dos atacantes mais valorizados do mundo, camisa 10 do Tottenham, capitão do English Team e artilheiro da última Copa do Mundo.
Com tanta inspiração, determinação e garra, agora Júnior só quer fazer o seu melhor defendendo a camisa alvinegra. “Eu vou aproveitar até o final. Se eles abrirem a porta, eu vou entrado e vou entrando”.
O TREINADOR
Cristiano Honório da Silva foi citado por diversas vezes nesta reportagem. O motivo é nobre, pois pai e filho fazem questão de ressaltar o quanto ele foi importante na responsabilidade de ‘lapidar’ o talento do garoto.
O projeto Escolinha Piedade Futebol Clube já é desenvolvido há seis anos. A maioria das crianças já estão sob seus cuidados desde os cinco anos de idade. No início eram treinadas quatro crianças, hoje são mais de 200. “Graças a Deus, essa luta toda, muitos meninos bons de bola e com isso já saindo um destaque nosso. Sabemos que a luta é grande, sempre vamos dar conselho e estar por perto, mas o caminho é esse. Pelo menos um alcançou o primeiro passo, que é colocar numa base de um clube regional. E queremos mais, tem muita criança, de 4 anos, cinco anos, tem aquela outra remessa que já está fazendo oito anos e vai só abrindo as portas. Piedade agora ficou maior”.
Cristiano desenvolve trabalhos de futebol e futsal. Mas, são muitas despesas para manter o projeto, por isso é preciso improvisar. “As aulas acontecem no campo e na quadra, mas a quadra agora está fechada. No campo, treinamos duas vezes por semana. Temos apoio dos pais, com a confiança, largam os filhos comigo e com o pai do Júnior que está do meu lado. Temos o João Batata, que juntou e correu atrás do patrocínio dos uniformes que temos hoje, depois de três anos. Temos colete, bola e cone, fizemos uma rifa e arrecadamos. Mas, apoio político não temos. Infelizmente, ficamos tristes porque com esse apoio podia ser melhor. Mas, vamos conseguindo nosso objetivo que primeiro é formar cidadãos de bem, depois, sair um atleta como agora ficamos muito felizes”.
O garoto que já jogou várias vezes representando Piedade de Caratinga sempre brilhou por onde passou, como elogia o treinador. “Júnior desde novinho sempre quis ser o melhor, o artilheiro, ajudar o time. Sempre quis ser campeão. Às vezes a gente jogando e perdia, era muito triste, ele demonstrava, chorava. Mas, é porque o sistema dele não é de perder, por isso luta tanto dentro de campo, de quadra, fazendo o seu melhor para conseguir. E disputamos bastante campeonato de futsal, campo. Fomos campeão de campo, vice-campeão agora e ele foi artilheiro no ipatinguense. Então é mérito dele e está no lugar certo. Deus vai abençoar o caminho dele”.
O resultado alcançado pelo atacante é fruto do talento nato e demonstra que as aulas realizadas na escolinha deram frutos. “Não dá nem para imaginar a alegria que temos de ter conseguido isso. Está na base de um clube e com moral. É reconhecer o trabalho da gente, tem aquelas pessoas que devemos obrigação, como Maycon, que aprendi muito com ele, professor de Educação Física; o Samuel que passou muitas aulas para a gente. Tem muitas coisas que temos que guardar de amigos da gente, onde fomos passando isso para as crianças, que está desenvolvendo desse jeito”.
Inúmeras crianças têm o sonho de ser um jogador de futebol, mas nem todas conseguem pelo menos chegar perto de realizar esse sonho. Para Cristiano, é preciso investir nos sonhos dos pequenos para que mais estrelas como a de Júnior possam brilhar pelo País. “Graças a Deus, o pai está ali do lado, a mãe, dispostos a fazer qualquer coisa. Infelizmente, às vezes, a oportunidade aparece para alguém e não tem como ir, não tem estrutura. Temos o sonho de levar todas as crianças para fazer o teste, mas, infelizmente, não tem apoio. Tenho que trabalhar, tenho meu serviço fora da escolinha, saio correndo para treinar os meninos. É merecedor. O menino é bom e o pai tem que acreditar mesmo”.