Hoje volto ao passado e relembro o tempo mais feliz de minha vida: o tempo de colégio.
Estudei no Colégio Nossa Senhora do Carmo dirigido pelas Irmãs Carmelitas da Divina Providência, desde o Jardim da Infância até aos cursos Normal e científico. Foram 12 anos de aprendizado e convívio.
Havia não só o ensino vindo dos livros, das matérias escolares. Havia toda uma gama de atividades extra classe que tanto nos enriqueciam e nos preparavam para a vida fora da escola. Além do convívio com colegas e professores que nos trazia ensinamentos de forma espontânea. Além das aulas de português, matemática e outros conteúdos, ficaram em mim com sabor de saudade, os grêmios literários, os teatros, o esporte e a grande amizade que se formava no contato com colegas e professores. Os professores explicavam a matéria, repetiam se fosse preciso, sempre atentos ao nosso entendimento.
Naquele tempo havia também aulas de Polidez e de Trabalho. Na Polidez aprendíamos as delicadezas no trato com as pessoas. No Trabalho fazíamos atividades manuais, como bordados, pinturas, desenho. Havia, ainda, os Retiros Espirituais – inesquecíveis – cuidados pelas Irmãs com dedicação. Os pregadores eram sacerdotes que tinham o dom de pregar bem e nos encantar com a oratória e vivência religiosa. No final, havia festa de arte e de alegria.
O enriquecimento que tínhamos com as atividades fora dos conteúdos de classe, preparavam-nos para a vida.
Tudo isso que envolve a Educação, ainda existe até hoje em nossas escolas. Visito muitas escolas e sei o quanto diretores e professores trabalham para que a educação seja plena e completa.
Ocorreu-me lembrar desse tempo de estudos e prazer porque vi anunciar a implantação do Ensino Domiciliar. Ao primeiro olhar, vejo as grandes perdas dos alunos que não terão o convívio com muitos colegas e nem atividades feitas juntos. Serão impedidos de conhecer e usufruir de uma escola, que é um espaço de valor inigualável pelos benefícios que concede aos estudantes. Considerando, também, que nem toda família tem o conhecimento e a cultura necessários para transmitirem conhecimento de forma correta. Outra dúvida é quanto ao tempo dos pais que trabalham fora de casa. Hoje, ouço muitas mães reclamarem do tempo imenso que gastam em fazer as tarefas de casa com os filhos. Imaginem se tiverem de dar todas as aulas?
Não conheço o projeto e seus desdobramentos. À primeira vista, pareceu-me impossível de ser aplicado com sucesso. Mas vamos aguardar.
Marilene Godinho