Destaque do DIÁRIO, Dário Júnior fala sobre os desafios do Direito e o senso de responsabilidade da profissão
CARATINGA- “É dever do advogado defender o oprimido. Se não o faz, está apenas se dedicando a uma profissão que lhe dá o sustento e à sua família. Não é advogado”. A frase é do mineiro Heráclito Fontoura Sobral Pinto, considerado um dos grandes advogados da história do Brasil, por ter participado de praticamente todos os eventos marcantes do país ao longo do século XX. Sobral Pinto, assim como Evandro Lins e Silva, é inspiração para o advogado de Caratinga, Dário Júnior, que busca sempre em sua atuação seguir seus ensinamentos.
Dário é reconhecido por sua brilhante atuação na cidade, trabalhando com competência em casos de destaque. Pela internet também segue uma trajetória de sucesso: no Twitter, contabiliza 20,5 mil seguidores que acompanham
suas postagens sobre vários temas. Pelo trabalho exitoso e de responsabilidade, o DIÁRIO DE CARATINGA
escolheu o criminalista como destaque 2018 da área de Direito.
Dário graduou-se pela Faculdade de Direito do Vale do Rio Doce (Fadivale), no ano de 1998. Possui especialização (2001), mestrado (2006) e doutorado (2014) em Direito Processual pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Além de advogado, atualmente é professor da Rede de Ensino Doctum. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Penal e Processual Penal, atuando principalmente nos seguintes
temas: processo, principiologia processual, cautelas penais, prisão preventiva, técnica e teoria processual. Nesta entrevista, ele fala sobre a profissão e comenta sobre o atual cenário político nas esferas estadual e nacional.
Quando o senhor ingressou no curso de Direito e que comparação o senhor faz da área de quando começou
em relação a hoje?
Ingressei em 1994, com 23 anos de idade. Fui um universitário tardio. Já era casado com a Marinalva e o Gustavo, meu filho mais velho, já tinha nascido. Eu era profissional de comunicação, atuava em rádio, TV e jornal e algumas pessoas me desaconselharam afirmando que a advocacia não era promissora. No entanto, ao iniciar o curso eu gostei muito do conteúdo. Tive bons professores que me despertaram para o exercício da advocacia e para o estudo continuado. Foi uma base importante para prosseguir depois na especialização, no mestrado e por fim o doutorado. Tive a oportunidade de seguir a carreira como docente na Rede Doctum e até publiquei um livro
em 2016 com uma temática bastante complexa
envolvendo o Direito Processual Penal. Pelo que observo,
a área jurídica evoluiu muito de lá pra cá, com novos
campos de atuação e novas oportunidades.
Que advogados influenciaram sua formação?
Sou um admirador de grandes vultos da advocacia e deles costumo tirar exemplos de vida e de atuação profissional. No Brasil, eu destaco dois grandes advogados que sempre foram para mim fonte de inspiração e modelo de conduta:
Sobral Pinto e Evandro Lins e Silva.
De forma geral, o brasileiro entende a importância do advogado criminalista e do direito de defesa?
Creio que sim. Nunca fui hostilizado por exercer a minha profissão. Sempre fui tratado com respeito. Ocorre que, em alguns casos de repercussão e que geram revolta na opinião pública o advogado costuma ser confundido com o cliente e pode sofrer ataques também. Hoje, pelas redes sociais isso acontece com frequência. Mas, o advogado
segue aquela máxima muitas vezes repetida: defende o pecador e não o pecado.
O senhor já foi jornalista. Esta experiência contribui de alguma forma na sua profissão como advogado?
Foi o jornalismo que de certa forma me impulsionou para o Direito. Inicialmente eu não tinha nenhuma atração por essa área. Minha esposa insistiu muito para que eu fosse fazer o vestibular na FADIVALE em Governador Valadares. Como disse, gostei muito do curso e ao final acabei me especializando mais na área criminal, talvez porque tenha sido durante muito tempo repórter policial. A experiência com a comunicação me ajudou muito, pois o advogado deve saber se expressar com clareza. É fundamental.
O senhor é bastante atuante no Twitter. Qual é a particularidade de defender seus argumentos numa plataforma de até 280 caracteres, para o advogado que está acostumado a longas exposições de suas ideias?
Não uso o Twitter para tentar convencer ninguém de nada. Como rede social, aquilo lá é uma diversão. Gosto dos interlocutores que tenho lá. Gente de todo o Brasil e do exterior também, gente famosa e gente anônima. Muitas pessoas inteligentes e que sempre aparecem com alguma tirada espirituosa. O bom de ter a limitação de caracteres é que temos que ser sintéticos na exposição das ideias, opiniões ou provocações. Isso ajuda na advocacia também. Muitas vezes uma longa exposição de ideias só promove confusão e na minha atividade profissional isso deve ser evitado. No meu livro sim, faço uma longa exposição de ideias. Ali é pertinente. Em algumas peças processuais também há a necessidade de maior aprofundamento. No entanto, devemos buscar a síntese e a clareza.
Em março deste ano, o senhor completou 20 anos de atuação no Tribunal do Júri. Qual balanço o senhor faz desta caminhada profissional?
De fato comecei no Júri em 1998 ainda como estagiário. Tenho muito a agradecer ao grande criminalista Dr. José
Valente que generosamente me concedeu a oportunidade. Naquele Júri ele me permitiu falar durante 30 minutos e
foi muito importante para a minha trajetória. O Júri foi presidido pelo saudoso Dr. Herbert José de Almeida Carneiro, que chegou a Desembargador e faleceu no ano passado quando era presidente do TJMG. O promotor era
também um grande orador Dr. Lucas Rolla e o assistente de acusação outro grande criminalista aqui da comarca Dr.
Nilo Dias de Moura. O Júri é de fato muito importante na minha trajetória. É um tipo de julgamento que exige do advogado muito preparo, estudo, competência e atenção. É preciso ter um grande senso de responsabilidade, pois a
liberdade do cidadão está em jogo e não pode ser negligenciada.
À frente do programa Painel Político da Doctum TV, o senhor já recebeu diversos profissionais para discutir o tema. Como avalia o comportamento do cidadão no atual momento político e os desafios do Governador e Presidente da República?
As redes sociais mudaram a forma do cidadão enxergar a política. É o que alguns filósofos chamam de democracia
direta ou disruptiva. O povo está de olho e mandando o recado de forma crua e sem a menor paciência. Muito positivo pois refletiu até nos gastos de campanha. Esta última foi a mais barata da história e foi muito mais vibrante. Eu geralmente não tenho muita expectativa com relação a político nenhum. Zema assumiu um Estado falido. Se conseguir colocar o salário do servidor em dia vira herói. Quanto ao governo federal minha expectativa é de alguma modernização da economia com maior liberdade e menos burocracia. Mas o grande desafio é realmente dar um alento para o povo que clama por segurança e justiça. Nenhum país democrático pode conviver com uma taxa de 60 mil homicídios por ano.
O senhor foi escolhido destaque 2018 pelo DIÁRIO, por sua atuação como advogado. Como é receber este reconhecimento?
Fiquei muito feliz. Gostaria de agradecer à direção do Diário de Caratinga e aos bravos aí da redação. Turma boa e competente.
Quais são suas considerações finais?
Se tenho algum êxito na profissão devo dar todo crédito à minha família. Meus pais foram pessoas humildes e que me ensinaram os valores primordiais. Meus irmãos são pessoas inteligentes e trabalhadoras. Marinalva, com quem estou casado há quase 27 anos, sempre foi minha maior incentivadora. Ela é também advogada e tem uma trajetória profissional irrepreensível na área de comunicação. Meu filho Gustavo é um jovem advogado muito promissor e a Júlia também está seguindo um caminho muito interessante de dedicação aos estudos. Pretendo continuar atuando e buscando sempre melhorar. Aprendi que os conflitos humanos são inesgotáveis e, para solucioná-los, o advogado é indispensável.