Ildecir A.Lessa
Advogado
Aproxima-se final de ano, aquele sentimento de família unida logo aparece. Mas, como originou a família? Na linha da história, o princípio fundamental de origem da família era a religião primitiva. A religião do lar e dos antepassados, o principal elemento formador da família. Isso era tão importante que fazia formar um só corpo, entre os componentes vivos e o que já tinham passado desta vida. Ela não era unida apenas pelo sentimento, força física, laços sanguíneos, afetividade ou civilmente, uma associação natural, mas pelo Deus e culto doméstico. Em cada família mantinha-se um altar onde havia permanentemente uma chama acesa, que só poderia ser apagada quando não houvesse mais ninguém vivo nela.
Era com esta que se sustentavam os laços entre os parentes, com exceção da extinção da família, permitido em certo dia do ano, que a chama fosse apagada e logo depois ela voltava a brilhar, devendo ser obedecido todo um ritual. O casamento foi a primeira instituição formada pela religião, um abandono dos deuses do lar paterno, a mulher deixava de cultuar os seus parentes para dali em diante invocar os deuses de seu marido, sendo uma cerimônia sagrada, produzindo grande efeito de troca, quebrando todo o vínculo religioso que a unia a sua família. O fim do casamento era a perpetuidade da família; da união de dois seres, nascer um terceiro, apto para continuar o culto domestico. A casa para os romanos é o que para nós hoje é um templo, seu lar é um deus, o túmulo é o altar de seus antepassados, criaturas divinas. A Família era um estado organizado e autossuficiente. A moral, como também a religião doméstica, girava em torno da família.
A família era unida por este laço de culto. Todos se amavam e se respeitavam mutuamente, tendo cada um sua participação. A antiga moral era sustentada por este pilar de crenças e princípios. No tempo da família contemporânea, tem o registro de que, antigamente, a vida das famílias era mais simples e tranquila, não existia a correria que vemos hoje em dia. As pessoas andavam a pé, pois quase não existiam carros. As ruas eram de terra de chão batido ou de paralelepípedos. A iluminação pública era precária, aqueles lâmpadas tipo “tomatinho”, permaneciam “bruxuleantes”. As crianças podiam brincar nas ruas e calçadas, pois não havia perigo de acidentes ou assaltos. As casas tinham grandes quintais, onde havia plantações de hortaliças, frutas, etc. Os vizinhos eram como integrantes das outras famílias, todos os dias se reuniam nas varandas de suas casas para conversar enquanto as crianças brincavam. As brincadeiras, nessa época, eram: roda, pega-pega, esconde-esconde, passa anel, barra manteiga, bolinha de gude, pique salva, pião, precipício, etc. Não existiam celulares, tablet e outras tecnologias da vida moderna. Nem se pensava nessa tal de redes sociais. As famílias eram bem grandes, um casal tinha mais de seis filhos.
Mas hoje o número de pessoas na família diminuiu muito, o normal é um casal ter um ou dois filhos. Isso aconteceu porque a vida moderna fez com que a mulher tivesse que trabalhar para ajudar nas despesas da casa. A violência e as dificuldades para se viver bem, também são motivos que influenciaram no tamanho das famílias. Além da quantidade de pessoas de uma família, outras diferenças existem se compararmos à vida de hoje. Nas casas não existiam aparelhos de televisão, ouvia-se música em vitrolas com discos de vinil ou no rádio. Neste também eram transmitidas as notícias e até novelas, as famosas novelas do rádio. As fotografias eram feitas por um homem que colocava um pano preto na cabeça e falava “olha o passarinho”, para as pessoas sorrirem. Era comum matarem galinhas e porcos no quintal de casa, onde também se colhiam verduras e legumes de uma horta que os mais velhos cuidavam. Como não existia geladeira, as carnes eram cozidas em fogões à lenha e armazenadas em latões, mergulhadas em gordura de porco – banha, para não estragarem. Não existia água encanada e as pessoas precisavam buscar baldes de água para lavar as louças, roupas, cozinhar ou tomar banho. E ainda falam que a vida era mais fácil! O certo é que na modernidade, pode-se dizer: Era uma vez a família…