Segundo Gilmar, o médico estaria atendendo normalmente e de forma particular em Caratinga. Médico Wellington Mata nega e diz através de nota que está doente
CARATINGA – Na noite da última terça-feira (5) um vídeo gravado por vereadores junto ao prefeito Gilmar de Assis, de Ubaporanga, e um médico viralizou na internet. As imagens mostram os políticos questionando o médico porque ele não está atendendo na cidade.
O VÍDEO
No vídeo, o pediatra Wellington Souza Mata é abordado pelo prefeito e três vereadores na entrada do Casu, quando estaria chegando para trabalhar. Nesse momento Gilmar começa a indagar o motivo do médico não estar comparecendo ao posto de saúde em Ubaporanga, mas estar trabalhando normalmente em seu consultório particular.
Então o médico responde que estava de atestado, porém o prefeito rebate dizendo que nenhum documento foi apresentado. “Não tem atestando nenhum seu lá, hoje (terça-feira, 4) tinham 25 pessoas para serem atendidas, desde o dia 21 que o senhor não vai. Entrei no ‘côro’, o povo quase me matou lá, seu atestado só vale em Ubaporanga? Me faz um favor doutor, vai lá pede licença e sai de lá”, disse o prefeito.
O médico pergunta onde precisava passar para pedir o afastamento, mas depois disse que só poderia pedir licença sem vencimento em março, quando acaba seu estágio probatório, já que é concursado. Os vereadores ainda perguntam se o salário do médico estava atrasado e ele responde que não.
A reportagem do DIÁRIO DE CARATINGA conversou com o médico e também com Hiury George Garcia, que está substituindo a secretária de Saúde de Ubaporanga, Kênia Fernanda Soares da Silva de Azevedo, que está de licença.
FALTAS AO TRABALHO
Segundo Hiury, o médico Wellington Souza Mata é concursado no município há quase três anos e não estava cumprindo a carga horária de 20 horas semanais a cada três dias. Foi então que o pediatra teria combinado com a secretária de Saúde trabalhar às terças e quartas por um horário estendido para completar sua carga, atendendo assim todas as crianças do município. “Na semana passada ele não veio nos dias 27 (terça-feira) e 28 (quarta-feira). Ele falou com a enfermeira que levaria um atestado, mas esta semana ele não foi e tinham fichas marcadas, crianças com febre esperando para serem atendidas. A enfermeira então ligou para ele novamente e o médico disse que não iria, pois estava de atestado”, disse Hiury.
Hiury revelou que os pais das crianças ficaram revoltados, então a prefeitura descobriu que o médico estava atendendo em seu consultório e no Casu. “O prefeito foi atrás dele, pois foi muito questionado por sua falta no posto e queria saber o que estava acontecendo, pois ele não levou atestado”.
Ainda segundo Hiury, no momento que a reportagem entrou em contato, por volta das 10h, o médico ainda não havia levado o atestado e afirmou que a prefeitura, através da assessoria jurídica, tomará a medida necessária.
Sobre a falta de pediatra no município, Hiury disse que por enquanto as crianças que passam mal estão sendo conduzidas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Caratinga.
MÉDICO EXPLICA QUE ESTÁ DOENTE
O médico Wellington, através de mensagem pelo celular, disse que não estava indo trabalhar em Ubaporanga por estar desde 18 de novembro de 2018 acometido de labirintite e esgotamento mental e fazendo uso de medicamentos constantes, mas ressaltou que mesmo assim em 21 de novembro de 2018 fez o atendimento em Ubaporanga.
Questionado pelo fato de estar trabalhando em seu consultório particular e no Casu, o médico disse que não, e sobre suas faltas e o fato de não levar o atestado, afirmou que não está podendo dirigir. “Não estava atendendo, sou preceptor da residência, não estava sozinho, tinham três médicos me auxiliando. Lá (Ubaporanga) foi acordado minha ausência, o atestado pede para evitar dirigir sozinho, nesse dia que a agenda foi aberta sem que eu soubesse, quando fui avisado o tempo já estava estourando, não faço isso com ninguém, a população gosta do meu atendimento”, ponderou o médico.
Sobre pedir exoneração, o pediatra disse que não fará isso e na próxima semana talvez volte a atender em Ubaporanga, dependendo do seu estado de saúde.
Wellington classificou o fato ocorrido em nota de esclarecimento como “abominável episódio, onde de forma inescrupulosa e de cunho manifestadamente político foi feita uma gravação”, sem sua autorização e sem que pudesse se manifestar.
Ele emitiu a seguinte nota sobre o ocorrido:
Nota de esclarecimento
“Venho através desta notificar V Sa. sobre o abominável episódio ocorrido dia 04/12/2018 na cidade de Caratinga na porta do CASU. Onde de forma inescrupuloso e de cunho manifestadamente político foi feita uma gravação, sem minha autorização e divulgada em meios de comunicado e redes sociais das mais diversas, sem que os fatos fossem averiguados e sem que eu pudesse me manifestar.
Assim venho esclarecer que desde 18/11/2018 estou acometido de labirintite e esgotamento mental fazendo uso de medicamentos constantes, e mesmo assim em 21/11/2018 fiz atendimento em Ubaporanga, pois haviam pacientes me esperando e eu jamais deixei nestes quase 20 anos de profissão cumprir o meu papel. As crises de labirintite ficaram mais frequentes e por ordens médicas não posso dirigir, ficando impedido de sair da cidade de Caratinga e fazer atendimento em Ubaporanga, até meu restabelecimento. Tal fato foi avisado no posto de saúde de Ubaporanga que conforme narrado acima, o último atendimento ocorreu em 21/11/2018, e de forma estranha na data de 04/12/2018 houve todo um cenário montado para dizer que eu não fui atender os pacientes marcados no posto de saúde de Ubaporanga. Sempre pautei meus princípios visando o melhor ao próximo e por isso mesmo escolhi a medicina para salvar vidas, jamais deixaria um paciente esperando, nunca sofri qualquer processo disciplinar e muito menos deixaria uma cidade em que existe somente um Posto se saúde sem atendimento. Houve erro na administração e estão querendo imputar a mim uma responsabilidade que não é cabível. Sou ser humano, preciso cuidar da minha saúde e dirigir da forma como me encontro seria colocar em risco não só minha vida como a de outras pessoas. Exijo o mínimo de respeito o que foi divulgado em todas as mídias deve ser retratado, pois conforme o documento em anexo, fui atingido de forma brutal na minha imagem e como profissional, de forma ardilosa e sem qualquer fundamento, portanto, a retratação nos mesmos moldes de faz necessária. Esclarecendo que todas as medidas judiciais estão sendo tomadas em face de todo ocorrido, pois sou pessoa honesta, de boa índole, e caráter, trabalho de sol a sol para cumprir meus compromissos, passei em concurso público para assumir o cargo de médico, não foi nenhuma indicação política, a justiça será feita para que os verdadeiros culpados arcam com as consequências de seus atos”.
Wellington de Souza Mata