Thelma Regina Alexandre Sales
“Viver é para os insistentes”.
(autor desconhecido)
Dentre as substâncias psicoativas (que atuam no sistema nervoso central (SNC)) há um grupo denominado drogas psicotrópicas, formado por substâncias que podem gerar abuso e dependência. Elas agem nos mecanismos de gratificação e recompensa do cérebro, provocando “sensações prazerosas” que estimulam a vontade de usá-las novamente, podendo causar habituação ou tolerância, situação onde o indivíduo necessita de doses cada vez maiores para suprir os mesmos resultados “positivos”. Essa condição determina o risco de dependência e morte por overdose.
As substâncias causadoras de dependência são o álcool, o tabaco, a cocaína e seus derivados (ex. crack e pasta-base), a maconha, os alucinógenos, solventes e inalantes (ex. cola de sapateiro e acetona), psicoestimulantes (ex. anfetaminas e cafeína) opióides, sedativos e hipnóticos. Nesse grupo encontramos drogas lícitas e ilícitas. As drogas lícitas são as que têm liberação para serem comercializadas, como o cigarro e as bebidas alcoólicas. Já as ilícitas são aquelas que têm venda proibida, como maconha, crack, cocaína e ecstasy.
Quanto à sua origem as drogas se subdividem em naturais (ex. maconha, derivada da planta cannabis sativa e ópio, que tem origem nas flores da papoula); sintéticas, produzidas artificialmente em laboratórios, como o ecstasy e o LSD; e drogas semissintéticas, como heroína, cocaína e crack.
As drogas psicotrópicas podem agir de três maneiras no SNC: estimulando, deprimindo ou perturbando sua atividade, com efeitos imediatos e tardios. Apesar dessa classificação, há que se saber que os efeitos das substâncias podem se mesclar entre as classes. Por exemplo, o ecstasy é uma droga com ação alucinógena e estimulante; a maconha em altas doses tem características alucinógenas, porém em baixas doses é uma droga depressora; o crack pode desencadear quadros alucinatórios, mesmo sendo uma droga majoritariamente estimulante.
Entre os efeitos imediatos das drogas depressoras, como a heroína, é possível observar diminuição do ritmo de funcionamento do SNC, menor capacidade de raciocínio e concentração; sensação exagerada de calma e tranquilidade; relaxamento exagerado; bem-estar; aumento da sonolência; diminuição dos reflexos; maior resistência à dor; maior dificuldade em fazer movimentos delicados; diminuição da capacidade para dirigir, lentidão no processo de aprendizagem e do rendimento. Seus maiores representantes são álcool, benzodiazepínicos, opiáceos e inalantes.
As drogas estimulantes produzem efeito imediato relacionados com intensa euforia e sensação de poder; estado de excitação; aumento de energia e das atividades; redução da necessidade de sono e perda do apetite; fala e pensamento acelerados, aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca; descontrole emocional e perda da noção da realidade. As principais drogas que pertencem a essa categoria são as anfetaminas (medicamentos para emagrecer), cocaína/crack e tabaco.
As drogas perturbadoras, alucinógenas ou psicodislépticas como maconha, LSD 25, ecstasy, alguns cogumelos e peiote causam alterações no funcionamento cerebral, modificando a percepção da realidade e fazendo com que os consumidores se sintam “perturbados” em relação a si e ao meio, com certa sensação de estranheza. Tais fenômenos são parecidos com os que ocorrem em doenças mentais como as psicoses. Induzem alucinações, principalmente visuais como alteração das cores, formas e contornos dos objetos; percepção alterada do tempo e do espaço, sendo que minutos parecem horas ou metros parecem quilômetros; sensação de enorme prazer ou medo; quadros de pânico e exaltação; delírios de grandiosidade; de perseguição e relacionados com roubos. A Flakka ou droga zumbi, produzida na China e de baixo custo, é um dos exemplos mais recentes desse grupo. Entre seus efeitos estão os comportamentos agressivos e alucinações, existindo relatos de que alguns usuários iniciaram atividades canibais durante o período em que estavam sob o efeito da mesma.
As consequências em longo prazo de qualquer tipo de droga incluem: destruição de neurônios, perdas cognitivas; desenvolvimento de doenças psiquiátricas, como psicose, depressão, esquizofrenia e outros transtornos; prejuízos sociais, financeiros, afetivos, laborais e jurídicos; doenças hepáticas, como câncer de fígado, doenças renais, cardíacas e neurológicas; doenças contagiosas, como AIDS ou Hepatite e morte precoce.
Durante a gravidez, os efeitos são observados na mulher e no bebê, e podem levar ao aborto, parto prematuro, restrição do crescimento, baixo peso para a idade gestacional e má formação congênita. Após o nascimento do bebê, este poderá sofrer crises de abstinência, apresentando choro fácil, irritabilidade, dificuldade para se alimentar, insônia e dificuldade para respirar, necessitando de intervenção hospitalar.
Consumir grande quantidade de drogas pode resultar em overdose, resultando em grave prejuízo no funcionamento dos órgãos vitais, podendo provocar a morte. Os primeiros sintomas de overdose incluem euforia, perda do controle, agressividade, náuseas e sangramento nasal. Sintomas de overdose e risco de morte também ocorrem no transporte dessas substâncias no estômago, ânus ou vagina.
Thelma Regina Alexandre Sales – Nutricionista e Médica – Especialista em Psiquiatria – Especialista em Terapia Nutricional/SBNPE – Especialista em Nutrição Clínica/UECE – Especialista em Saúde Pública/UNESCO – MBA em Gestão de Negócios/UNEC – Mestre em Meio Ambiente, Saúde e Sustentabilidade/UNEC – Professora do Centro Universitário de Caratinga. Atua em Psiquiatria, Clínica Médica e Urgência.