*Thales Alves Aguiar
Como o cuidado a saúde é um dos elementos primordiais, se não a principal, para a manutenção da vida humana e de sua qualidade de vida. No atual momento da política brasileira, transcrevo algumas considerações de que os próximos gestores deste país deveriam ficar mais atentos e profundamente preocupados com a situação caótica em que se encontra a condição da saúde pública no Brasil. Podemos afirmar categoricamente, que a redução do papel do Estado no financiamento e na promoção da saúde pública e da qualidade de vida do servidor e da população, tem levado à intensificação da precarização do sistema de saúde pública e porventura humanizada, desconsiderando-o de assumir as questões sociais e primárias de um país. Não restam dúvidas de que o processo de retração da responsabilidade do Estado, mediante a aprovação da Emenda Constitucional (EC) 95, que limita em 20 anos os gastos públicos e estabelece o fim das vinculações constitucionais para o financiamento dos direitos a saúde preconizada na Carta Magna de 1988, agravou e intensificará ainda mais a condição da população, ampliando a marginalidade e a exclusão de seus funcionários que estão na linha de frente do problema. A saúde do usuário e do servidor público no Brasil deveria ser tratada com mais seriedade, mais responsabilidade pelo governo e seus representantes (união, estados e municípios). Até mesmo para que se cumpram as leis constitucionais da “nova democracia” diante dos direitos básicos, garantindo não só a execução da qualidade de vida no trabalho e da sociedade, mas que essa atenção seja aplicada ao conceito de humanização, que tenha propriedade, que produza cultura harmoniosa em conjunto, e que traga também mais qualidade de vida do usuário final. Possibilitando mais conhecimento e melhor desenvolvimento do nosso país.
A autonomia dos órgãos de saúde dos estados e municípios ficou reduzida à gestão de receitas e despesas e ao excessivo controle presente dos cortes administrativos, em uma postura de gerenciamento impositivo, visando controlar a gestão administrativa, financeira e de pessoal, reduzindo e eliminando gastos essenciais (insumos, medicamentos, mão de obra especializada, pesquisas, etc). O que representou um comprometimento da autonomia dos programas já existentes da qualificação da saúde pública. Poderíamos talvez buscar uma saída para este contingenciamento. Em primeiro lugar, exigindo do legislativo brasileiro que criem e aprovem leis normatizando a proibição de indicações políticas de gestores e/ou administradores amadores, sem vínculo efetivo e sem comprometimento com sua carreira profissional. Proibi-los de assumir cargos de gestão, chefia e/ou direção de quaisquer organizações públicas. De fato estes são os irresponsáveis em parte, pela má administração dos recursos e orçamentos recebidos para os gastos necessários. Em segundo lugar, o cidadão precisaria exigir mais do profissional de saúde pública. Cobrar mais deles, ter uma visão mais holística, atentando para as necessidades vigentes. E em terceiro lugar, em contrapartida, o verdadeiro desenvolvimento da qualidade de vida deve ser realizado em conjunto com a sociedade, podendo resultar em mudanças nas práticas do trabalho, do trabalhador e na tentativa de consolidar novos paradigmas do processo de gestão atual.
Através de lideranças conhecedoras do assunto e de pesquisadores, também pode ser de grande valia para a superação de modelos que negligenciam aspectos socioeconômicos, psicológicos e culturais no envolvimento da promoção, prevenção, reabilitação e melhoria da qualidade de vida das pessoas, da qualidade de vida do trabalho e de seus colaboradores. Assim, a qualidade de vida é uma construção eminentemente interdisciplinar, essa contribuição de diferentes áreas do conhecimento pode ser valiosa, e deve ser trabalhado pelos seus gestores como uma conduta indispensável. Resumindo o entendimento sobre a temática, a qualidade deve ser contemplada aos homens, e não aos objetos, a qualidade humana eleva-se e torna-se mais refinada na medida em que o homem satisfaz um número maior de suas necessidades, tornando-se independente. Assim, a qualidade de vida no trabalho e na vida comum, constitui-se um tema central para as organizações públicas e de seus usuários. Especialmente devido às transformações verificadas no mundo “pós-moderno”, necessitando maior atenção por parte das pessoas, dos governantes, bem como de pesquisadores e gestores na realização de futuras pesquisas. É de suma importância o assunto para os servidores, na perspectiva de futuras pesquisas voltadas para a qualidade de vida no trabalho e sobre a temática “humanização”. Precisamos dar mais ênfase sobre a visão biopsicossocial, reconhecendo o profissional em sua totalidade e em suas características físicas, sociais, emocionais e inteligíveis. Todos os aspectos e condições fotografadas neste contexto vão de encontro com a cruel realidade que a maioria da população brasileira vivencia dia a dia. Isto indica e ainda pode se tornar a nível regional em um primeiro momento, objeto de grandes debates entre estudantes acadêmicos, Administradores (gestores públicos) e profissionais da área da saúde, para se obter um retorno de um ciclo mais produtivo e resultados mais eficazes. Humanizar e se tornar humanizado é sensibilizar-se com a realidade humanística de cada indivíduo. Posição esta que nos leva a entender que as lacunas e o sofrimento vivenciado pelos humanos nada mais é do que a ausência de suas realizações, de seus desejos e de seu reconhecimento (satisfação) existencial. A existência humana deve ter o cuidado e o valor mediado, a retribuição e a compensação permanente.
THALES ALVES AGUIAR: mineiro, de Governador Valadares. Funcionário Público, Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e Bacharel em Administração pela UNIVALE. Especialista em Gestão Pública, Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria, pela Universidade Federal de Ouro Preto. Atualmente se especializando em História e Filosofia Maçônica pela UNINTER. É autor do Livro: Lágrimas de Humanidade. Tem artigos científicos publicados na área de comunicação e já participou como colaborador de dois livros sobre: Educação e Cidadania e Liberdade de Expressão, da série Obreiros em Tempo de Articulação. É também membro efetivo da AMLM (Academia Maçônica de Letras do Leste de Minas).