CARATINGA – Há quem diga que o dia só começa depois de uma boa xícara de café: ele espanta o sono, esquenta o coração e dá ânimo para enfrentar o trabalho. Prepará-lo da melhor forma envolve técnicas que vão desde a escolha do grão até o tipo de preparação e os profissionais dedicados a esta bebida, que é uma das paixões nacionais, são os baristas.
Profissão relativamente recente no mercado, o barista tem espaço garantido com o aumento do consumo de cafés especiais no Brasil. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), em 2017 o brasileiro consumiu 3,5% mais café do que no ano anterior e a tendência é de crescimento. Um curso oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), com apoio do Sindicato dos Produtores Rurais de Caratinga, deu oportunidade para jovens da cidade aprenderem sobre essa carreira.
Um barista eficiente precisa entender todas as etapas do processo, explica o instrutor do Senar, Júlio Barbosa, desde o plantio, passando pela torra e moagem até chegar à xícara. “Além de conhecer o café, um bom barista precisa, antes de tudo, ser amante da bebida. É preciso ser um pesquisador para saber aplicar diversos cafés que têm características diferentes em um determinado método no qual ele vai conseguir explorar melhor a bebida.”
O instrutor relata que um barista avalia o café constantemente, pois deve tratá-lo como uma bebida nobre, comparando-o a um vinho. Diferente de um sommelier, que é o especialista em bebidas alcoólicas, o barista precisa garantir que o café chegue com qualidade ao consumidor. “Se não somos apaixonados pelo que fazemos, não vamos conseguir desempenhar bem nosso trabalho”, ele enfatiza.
A profissão tem um lugar especial no mercado e quem deseja ingressar no ramo deve saber que “a carreira possui atuação ampla e é cada vez mais procurada”, avisa Barbosa. Em países como Austrália, Canadá, Estados Unidos e na Europa em geral, ela já é bem difundida. “No Brasil, é um bom momento para investir nesta carreira, com o com aumento do consumo de cafés especiais, principalmente entre os jovens”, aconselha o instrutor.
Heberton José da Silva, aluno do curso, conta que não conhecia a cadeia produtiva por traz do café até conhecer todo o trabalho envolvido em uma fazenda. “Tive a oportunidade de experimentar um café orgânico, me apaixonei por esse mundo e comecei a fazer os cursos”.
Além de técnicas de cultivo, pós-colheita, beneficiamento e torra, o curso ensinou diferentes métodos de preparação do café: café filtrado, Hario V60, aeropress, prensa francesa, expresso, vaporização, bebidas a base de café expresso e leite vaporizado.
O Senar promove mais de 300 cursos com foco na formação do produtor rural, tratando de temas como café, bovinocultura, equinocultura, animais de pequeno porte, máquinas, agroindústria, artesanato e outros. Samuel Gonçalves Batista, mobilizador do Senar em Caratinga, explica que o Sindicato dos Produtores faz a ponte, qualificando o homem do campo na administração e na produção de suas propriedades.
O instrutor revela que uma boa forma de garantir um café de qualidade em casa seria moer o grão na hora com um moinho doméstico ou de manivela. Outras dicas garantem que a gente consiga aumentar a qualidade do cafezinho feito em casa e curtir essa bebida que é preferência nacional: molhe o filtro antes de preparar o café para retirar possíveis sabores que possam passar para a bebida e comprometê-la, ou ainda; armazene o pó em um local onde não tenha contato com luminosidade ou umidade.