Muitos comerciantes já recolheram estoque alusivo à seleção brasileira
CARATINGA- Após a queda do Brasil nas quartas de final diante da Bélgica na última sexta-feira (6), não foram só os torcedores que ficaram frustrados. Os comerciantes precisaram recolher os produtos alusivos à seleção brasileira, pois os artigos já não são mais um atrativo nas prateleiras.
A um mês do início da Copa do Mundo, a expectativa era de que o evento esportivo movimentasse a economia brasileira, mesmo à distância. Um estudo realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revelou que três em cada dez (33%) micro e pequenos empresários dos ramos do comércio e serviços estimavam que as vendas dos setores como um todo aumentassem no período dos jogos. Outros 19% enxergaram uma queda no volume de vendas, enquanto 47% acharam que o torneio não teria impacto no resultado dos segmentos. Entre os que projetavam crescimento nas vendas da própria empresa (20%), a estimativa era de que o volume médio de vendas fosse 27% superior ao mês anterior do mundial.
Outro dado curioso mostra que para 29% dos entrevistados o aumento das vendas do próprio negócio com a Copa dependeria do desempenho da seleção brasileira nos gramados, sobretudo se o time chegasse até a final (21%) – esse percentual era ainda maior (25%) entre os comerciantes.
Em Caratinga, o comércio também se empolgou com a competição e registrou certo movimento durante os dias em que o Brasil estava na disputa. Ontem seria mais um dia de expectativa de alavancar as vendas, caso a seleção de Tite tivesse chegado à fase semifinal.
Com a derrota, há quem guarde o estoque para o Mundial de 2022, como relata o gerente de vendas do Costão, Roberto Luiz. “Guardamos o estoque para a próxima Copa. Estávamos vendendo bastante, mas era mais de criança, adulto mesmo procurava preço, mas estava mais difícil comprar. Às vezes, na hora do jogo mesmo comprava. O pessoal não estava muito empolgado. E nós também não compramos grande quantidade, compramos bem menos, porque já estava imaginando o cenário, fizemos uma programação à medida que a seleção fosse passando das fases comprava mais. Mas, não vendeu o esperado no início, então ficamos só com um pedido e não compramos mais, ainda sobrou um restinho”.
Roberto ainda ressalta que os torcedores não estavam tão animados este ano, como na copa anterior. “2014 foi totalmente diferente, as ruas estavam enfeitadas, pintaram asfalto, era outra coisa. Esse ano no meu bairro, moro no Santa Cruz, foi só uma rua que o pessoal empolgou, os vizinhos arrecadaram um dinheiro e enfeitaram a rua. O povo agora está muito desacreditado, até mesmo com a política, o que não tem nada a ver com o futebol, a pessoa mistura as coisas. Mas, o que está na gente é isso mesmo, ficar torcendo por um país que não faz nada por nós, fica aborrecido mesmo”.
Nas lojas que atuam diretamente na venda de materiais esportivos, como é o caso da Podium, o produto ainda fica disponível ao longo do ano, pois alguns consumidores ainda se interessam. O comerciante Flávio Damasceno ressalta que nas últimas semanas as vendas foram intensas e lamenta a derrota do Brasil. “Agora a gente vende, mas é pouco, como a loja é específica de esporte, tem gente que compra uma camisa do Brasil e leva de presente. Às vezes nem é só no período da Copa, a pessoa compra no dia a dia mesmo. A sobra foi muito pouca. Comprei estoque normal e estava vendendo muito bem, estou chateado hoje (risos). É uma pena, fizemos promoções nas redes sociais, a loja estava bastante movimentada”.