CARATINGA– O Movimento Democrático Brasileiro (MDB) está comemorando 52 anos de fundação e tem feito uma série de solenidades para celebrar a data. Em Caratinga, um evento foi marcado para as 14h de hoje, no Salão do UNEC I, na avenida Moacyr de Mattos, 49, centro.
BREVE RELATO DE UMA GRANDE HISTÓRIA
O início
O Movimento Democrático Brasileiro constitui-se informalmente em 4 de dezembro de 1965, como oposição a Arena. Quem o batizou foi Tancredo Neves. Venceu ali a primeira queda de braço com o “prosador da arcadas” do Largo de São Francisco, deputado Ulysses Guimarães, um pessedista que preferia o termo Ação a Movimento. Nesse mesmo ano, quando ocorreram eleições diretas para governador em onze estados, os militares já haviam demonstrado quais eram os limites da oposição evitando, através de “oportunas” mudanças nas regras do jogo, que dois oposicionistas – Hélio de Almeida, ex-ministro de Goulart, e Sebastião Pais de Almeida, ex-ministro de Juscelino Kubistchek (JK) – disputassem os governos da Guanabara e de Minas Gerais. Eram francos favoritos. JK e Goulart estavam no exílio. Permitiram Negrão de Lima, ligado ao PSP de Adhemar de Barros, e Israel Pinheiro, pessedista próximo a JK. Dois oposicionistas pouco ortodoxos que rapidamente aderiram ao poder central. Mesmo assim, essas duas vitórias provocaram sobressaltos nos meios militares que desaguariam no AI-2. Além de obrigar o País ao bipartidarismo, tornaram as eleições indiretas nos onze estados restantes. De qualquer maneira, o então presidente Castelo Branco garantiu a posse dos eleitos, o que lhe valeu um desgaste definitivo entre os colegas de caserna. Ele não faria o sucessor.
Do MDB para o PMDB
Em vez de conciliação e diante do quadro eleitoral com a oposição avançando ano a ano, o sucessor do general Geisel, que governo o país entre 1974 e 1979, também se valeu da alternativa de baixar nova reforma política. E com o artifício adicional de exigir o termo partido à frente das siglas, com o claro objetivo de matar a força da legenda MDB.
A abertura lenta e gradual, o caldeirão político alimentado pela crise econômica e a pressão política promoveram o retorno dos exilados. Recrudesceram também as pressões sociais com um sindicalismo cada vez mais atuante, pulsando principalmente no ABC paulista.
A estratégia de manter o poder, ou de promover a abertura lenta e gradual, levaria o Governo central a argumentar que a democracia que se avizinhava não suportaria as duas amarras políticas do bipartidarismo, a Arena de um lado, que também possuía os seus rebeldes de ocasião, e o MDB, com os autênticos, de vários matizes, e os moderados, normalmente circulando em torno de Tancredo Neves. Mas desenhava-se sobretudo a estratégia de abrir espaço para grande trunfo civil do governo na época: Petrônio Portella – piauiense com bom trânsito em todas as correntes – alçado ao Ministério da Justiça. Promoveu-se a reforma política através do Congresso extinguindo o bipartidarismo. Os núcleos do MDB, transformado em PMDB, e Arena, com o nome de PDS, foram mantidos. Mas a mudança que mais agitou os meios políticos foi a criação de um novo partido o PP, com Tancredo Neves à frente – o que esvaziava o PMDB e apresentava uma saída possível para o regime. Ele deveria abrigar a provável candidatura Petrônio Portella, alternativa civil do regime.
Em torno desses três, orbitariam dois outros partidos criados para abrigar os trabalhistas, que mal se continham dentro do MDB com o retorno de Leonel Brizola – do histórico PTB, depois repartido em PDT – e os sindicalistas do Sul e Sudeste liderados pelos líderes sindicais do ABC paulista, o PT. Como se esperava, outros partidos que possuíam alguma história antes do regime militar como PSD, UDN e PDC, preferiram ficar sob o guarda-chuva do PMDB ou PDS.
O PP se aglutinou rapidamente em torno de 90 deputados, quase retirando a maioria do PDS. Mas a morte de Petrônio Portella fez o partido refluir para menos de 70 deputados. O PMDB também perdeu quase metade de sua bancada, mesmo acomodando uma tendência social democrata que ganhou força com a volta dos exilados. Esta tendência resultaria em 1988 no PSDB.
Com a morte de Petrônio, o governo João Baptista Figueiredo tratou de proteger o PDS. As novas normas eleitorais traziam o voto vinculado e a proibição de coligações para evitar que o partido de sustentação do governo perdesse a maioria. Com isto o PP se inviabilizou. Parte retornou ao ninho peemedebista. Em 1982 o PMDB ganharia nove estados elegendo, entre outros, Tancredo Neves, em Minas Gerais, Franco Montoro, em São Paulo, e José Richa, no Paraná. Como o PDS perdeu sua maioria absoluta na Câmara, o governo tratou de rachar o PTB de Leonel Brizola, entregando a sigla a Ivete Vargas, que se coligou à maioria governista e garantiu oxigênio ao governo. Evidentemente ganhou cargos.
Em 15 de janeiro de 1985, o MDB foi um dos responsáveis pelo fim do regime militar, com o colégio eleitoral elegendo Tancredo Neves, o primeiro presidente civil desde o Golpe de 1964. Por problemas de saúde, Tancredo Neves nem foi empossado, vindo a falecer no dia 21 de abril de 1985.
No ano passado, o partido voltou ao seu nome de origem.
MDB EM CARATINGA
Em Caratinga, o MDB sempre se mostrou forte e governou o município em três ocasiões. A primeira delas foi com Anselmo Bonifácio, o ‘Fabinho’, que administrou o município entre 1983 e 1988. A sigla voltou a gerir Caratinga com Dário da Anunciação Grossi, prefeito entre 1993 e 1996.
O governo de Dário Grossi foi uns de maior aprovação na história de Caratinga e ele conseguiu fazer o seu sucessor, José de Assis Costa, prefeito entre 1997 e 2000.
Hoje o MDB detém a maior bancada na Câmara de Caratinga, dos 17 vereadores, três são do partido: Cleon Coelho, Rominho Costa e Johny Claudy.
José Moisés Nacif Júnior, nos anos 80; e Adalclever Lopes, atual presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, são caratinguenses no legislativo mineiro. Já na Câmara Federal, o município tem Mauro Lopes, que está em sua sexta legislatura.