CARATINGA- O professor e escritor Eugênio Maria Gomes, colunista do DIÁRIO DE CARATINGA, completa este mês 10 anos de caminhada literária. O acontecimento será comemorado em uma grande noite literária, promovida pelas Academias de Letras de Caratinga – ACL (Academia Caratinguense de Letras) e AMLM (Academia Maçônica de Letras do Leste de Minas) – e pela Fundação Educacional de Caratinga, no próximo dia 17, terça-feira. Em entrevista à jornalista Nohemy Peixoto, Eugênio fala sobre o seu trabalho, sobre a noite literária e projetos.
Em 10 anos de literatura, muita história para contar professor?
Com certeza. Tantas coisas aconteceram neste período… Pude retratar, através dos meus livros, dos meus textos, boa parte dessa história. Escrever sobre o cotidiano é uma ótima oportunidade para registrar a sua própria história e as interfaces com as outras histórias.
Quantos livros foram publicados no período?
Com o 10º volume do Radiografias do Cotidiano estou inteirando 40 títulos publicados, sendo 19 de minha autoria e 21 em que sou coautor e organizador. No DIÁRIO DE CARATINGA estou perto de completar 500 textos publicados.
Uma grande produção literária… Como acontece o seu processo criativo? Você escreve por inspiração ou por encomenda?
Sim, acredito que seja, de fato, uma boa produção para o período. Eu escrevo por inspiração. Mesmo quando sou instado a escrever, deixo a inspiração fluir. Para isso faço um exercício rotineiro: fecho os olhos e penso todo o texto primeiro. Quando começo a escrever, o conteúdo já está praticamente pronto na cabeça. Às vezes escrevo um texto enquanto estou viajando e, ao chegar ao meu destino, ligo o computador e transcrevo para o arquivo digital. A maior parte dos meus escritos nascem de uma cena, de uma música, de algo que tenha ouvido ou, até mesmo, de um desejo ou uma necessidade minha ou de alguém.
E como você consegue conciliar trabalho, família, lazer e livros? Dá tempo para produzir e ser feliz?
(Risos) Dá sim. Aliás, escrever e publicar me deixa muito, muito feliz. Eu sou muito disciplinado, as pessoas ao redor é que não conseguem entender bem isso. Eu sou do tipo que gosta de ficar sozinho com as pessoas por perto (risos). Minha família acha esquisito, mas gosto quando estão em casa, fazendo qualquer coisa, e eu estou no quarto, escrevendo. De vez em quando saio, bato um papo, rimos um pouco e eu retorno para o trabalho. Gosto de produzir assim. Mas, consigo tempo para trabalhar o dia todo, para fazer TV – que é uma atividade nova – para ministrar aulas, para sair à noite com a família uma vez por semana e, ainda, viajar. Gosto de dirigir, de pegar a estrada, de conhecer lugares. Em cada viagem, uma ideia para um novo livro, para um texto, uma crônica.
Você já escreveu livros de crônicas, livros técnicos, livros infantis e biografia. Sobre o que você gosta mesmo de escrever?
Eu sou, essencialmente, um cronista. Escrevi a biografia do Mons. Raul por se tratar do Mons. Raul. Uma vida fantástica de um homem muito especial. Livros infantis já escrevi três, mas apenas para um carinho em um neto, em um sobrinho ou filhos de amigos. Crônicas, as escrevo aos montes. Gosto do gênero. É gostoso escrever sobre a vida, sobre as pessoas, sobre os acontecimentos, sobre o que aconteceu ou está acontecendo, de forma crítica, buscando sempre o aprendizado e a entrega de algum conhecimento. Também gosto de escrever livros técnicos, na área do conhecimento em que atuo.
Você trabalha com várias editoras. Como se dá esse processo da escolha por uma determinada editora?
Nós temos, aqui em Caratinga, um grande apoio da Editora Funec. Boa parte dos livros que organizo e escrevo na condição de coautor, saem com a marca da Funec. Meus livros técnicos são editados por editoras de alcance nacional, tais como a Editora Campus e a All Print. Além disso, no formato digital, meus livros estão em plataformas importantes, como a Saraiva e a Amazon. Editei livros pela editora Albatroz e, os últimos, editei pela Libro Legis, do Rio de Janeiro.
Este ritmo na produção literária será mantido nos próximos anos?
Não… Este ano já estou colocando o pé no freio. Algumas obras não posso parar, nem gostaria, tais como as séries “Obreiros do Conhecimento”, “Radiografias do Cotidiano” e “Sem Data de Validade”. Além disso, ainda preciso escrever alguns livros infantis e atualizar alguns livros técnicos. Mas já abri mão da organização da série “Além da Palavra” e pretendo transferir a organização da série “Obreiros em Tempo de Articulação”. Em dezembro farei 60 anos e preciso priorizar outras coisas. A ideia é lançar, no máximo, três livros por ano. Quero manter a organização de um título e escrever um livro de crônicas, um técnico e um infantil.
Tem ainda as atividades com as Academias…
É verdade. Participo de duas Academias de Letras muito atuantes. Sou membro da ACL – Academia Caratinguense de Letras -, da qual me orgulho muito e, recentemente, participei da fundação, com outros acadêmicos, da AMLM – Academia Maçônica de Letras do Leste de Minas, da qual sou presidente. Através da Academia o escritor dá asas e formas à sua arte. Desde que entrei para a Academia de Letras eu faço questão de colocar a logo da instituição – e agora da AMLM também – e de que elas participem do evento de lançamento das obras. É uma forma de apresentar a força de uma Academia de Letras à comunidade.
Você também é reconhecido pelo apoio que dá a outros escritores, com todas as suas obras recebendo a participação de novos autores… Sem falar nas obras que você organiza e que são escritas por vários autores. Neste livro que está sendo lançado agora acontece a participação de outros autores?
Sinto-me mais realizado quando consigo incentivar as pessoas a escreverem do que quando eu mesmo escrevo. É sensacional ver o resultado de um trabalho conjunto, de como as pessoas inicialmente podem apresentar alguma dificuldade e, depois, passam a escrever com desenvoltura. Muitos dos que iniciaram a caminhada literária, colaborando na minha obra, hoje estão caminhando sozinhos, produzindo, publicando, e é muito bom ver esse resultado. O 10º volume do “Radiografias”, que será lançado dia 17 de abril, mais uma vez traz charges do Cartunista Edra, foi prefaciado pela acadêmica Ligia Maria dos Reis Matos, conta com a participação de Joel Machado de Assis e presta uma justa homenagem ao Dr. Consuelo Silveira Neto. Participam desta obra os autores Clara da Silva Alves, João Victor Ribeiro Gomes, Luíza Rezende Araújo, Maria Alice Frutuoso Barros, Maria Eugenia Ribeiro Gomes Pena, Maria Júlia Rocha Souza, Maria Tereza Rocha Souza, Maria Vitória Schetine de Carvalho, Paula Quintela Loures, Rafaela Araújo Alves e Sophia Roberto Cezário. Toda a renda com a venda dos exemplares será doada às atividades culturais da Escola Estadual Menino Jesus de Praga.
E o que o público pode esperar para o dia 17 de abril?
Uma noite literária muito bacana. Além do lançamento do meu livro, teremos o lançamento da Revista Literária da ACL e o livro “Seixo Tosco”, de autoria do escritor José Geraldo Batista. Também teremos a posse do professor Antônio Fonseca da Silva, como acadêmico da Academia Caratinguense de Letras e, ainda, uma exposição apresentando essa nossa caminhada literária. O evento acontecerá na UNEC, dia 17 de abril, 19h30 e espero a presença dos meus amigos e leitores.