CARATINGA – Nós fazemos várias atividades corriqueiras no dia a dia e às vezes não paramos para pensar como seria se, de uma hora pra outra, perdêssemos a capacidade de realizar algumas dessas coisas por causa de uma doença. Só aí começamos a dar valor a momentos tão simples como comemorar um aniversário.
Amery de Resende é um exemplo de motivação. Ela tem esclerose múltipla e faz tratamentos semanais no Centro de Reabilitação FUNEC-CASU, localizado na Unidade III do UNEC. Sua família preparou uma festinha surpresa para comemorar seus 57 anos. Uma data tão especial, só podia ser celebrada ao lado do grupo de pessoas que hoje ela já chama de família: amigos e colaboradores do Centro de Reabilitação.
A esclerose múltipla é uma doença crônica e autoimune que não tem cura. É como se o nosso sistema de defesa se virasse contra nós. Isso mesmo. Ele passa a atacar uma camada que protege os nossos neurônios, prejudicando a passagem dos impulsos nervosos. Dentre as consequências estão a perda dos movimentos, da fala e até da visão.
O coordenador de estágios em Fisioterapia do Centro de Reabilitação, Celso Júnior, explica que a esclerose múltipla é uma doença neurológica de ordem genética que afeta a função muscular dos pacientes. “O tratamento fisioterapêutico, bem como as outras terapias que a gente oferece aqui no Centro de Reabilitação, podem ajudar muito na qualidade de vida desses pacientes e a gente tem visto bons resultados com esse tratamento ao longo de muitos anos, melhorando o padrão de vida que eles podem levar”.
Ele comenta ainda que a doença pode causar perda progressiva na função motora e da fala. “A parte psicológica é importante para aumentar o vigor emocional desses pacientes. No Centro de Reabilitação, eles têm essa gama de oportunidades para poder construir uma melhor qualidade de vida”, ressaltou Celso Júnior.
Bráulio da Silva, irmão de Amery, também tem esclerose múltipla e no começo foi difícil acreditar que era possível duas pessoas na mesma família com a mesma doença. É nessas horas que a gente vê como o amor e a força de vontade fazem toda diferença.
“Quando o Bráulio começou a passar mal ele tinha 25 anos. A gente levou em vários médicos e nunca descobria o que ele tinha. Até que um dia uma amiga nos indicou um neurologista. Foi o que nós fizemos e aí nós descobrimos (a doença). A Amery já demorou mais porque a gente não acreditava que havia possibilidade de dois terem a doença na mesma família. Mas mesmo assim a gente vai conseguindo dar a volta por cima”, contou emocionada a mãe Maria José da Assunção Silva.
SUPERAÇÃO
Os colaboradores do Centro de Reabilitação prepararam com carinho um mural com fotos da aniversariante e todos os detalhes da festa surpresa. Amery conta que ela e o irmão nunca imaginavam ter esclerose múltipla. “Eu descobri depois dele. E a gente vai levando né. Seja o que Deus quiser. Não esperava essa festa! Estou muito feliz, graças a Deus”.
No Centro de Reabilitação, Amery e Bráulio fazem fisioterapia, acompanhamento psicológico e fonoaudiologia. E você deve estar se perguntando qual a motivação que eles têm pra continuar. Bráulio, o convidado mais animado da festa, responde: “Estar vivo é bom demais”.