- Eugênio Maria Gomes
Esta semana fomos surpreendidos com a notícia da morte de Stephen Hawking, físico e pesquisador inglês, um dos cientistas mais conhecidos e queridos do mundo. Pode parecer estranho falar-se em surpresa quando o assunto é a morte de alguém muito doente, com 76 anos de idade. Porém, tudo parecia indicar que aquele homem franzino, com diagnóstico de esclerose lateral amiotrófica, uma doença degenerativa, com data marcada para morrer desde os 21 anos de idade, jamais morreria.
Hawking foi um cientista fenomenal, um gênio da contemporaneidade, um pesquisador que tratou de temas complexos como a teoria da singularidade espaço-tempo e seus estudos sobre os buracos negros, demonstrando a impossibilidade da existência de vazios absolutos no universo. A contribuição do cientista – nascido na data de aniversário da morte de Galileu, e morto na data de nascimento de Albert Einstein -, para milhões de pesquisas e pesquisadores ao redor do mundo, tem uma importância incalculável. Porém, neste breve texto sobre esse gênio da atualidade, quero abordar dois pontos importantes de sua trajetória: a sua capacidade de superação e a força de sua beleza interior.
Em uma de suas mais famosas frases, Stephen Hawking disse o seguinte: “Olhe para as estrelas, não para os seus pés”. Parece que ele baseou a sua vida, de fato, nesse entendimento. Hawking tinha tudo para se “fechar em copas”, não querer saber de mais nada e ficar esperando a morte chegar. Mas não, ele preferiu olhar para o alto, descobrir outros mundos, novas oportunidades, uma nova forma de viver. E viveu muito, de bem com a vida, demonstrando um bom humor invejável a todos nós. O cientista mais conhecido no mundo na atualidade, dizia não ter medo da morte, porém afirmava que não tinha a menor pressa de morrer. Vivendo sob o espectro da morte, por 49 anos, Hawking “transformou o limão em limonada” e inspirou pessoas em todo o mundo. Para ele, “A vida seria trágica, se não fosse engraçada”.
Outro ponto importante da vida do cientista foi a sua despreocupação com a aparência física. É sabido que a sua doença vai, aos poucos, deformando músculos, alterando a postura e a fisionomia. Isso, para ele, não significava absolutamente nada. Após a descoberta da doença, adquiriu, cada vez mais, informações e conhecimento, tornando-se professor na escola em que estudou. Transformou-se em um palestrante brilhante, não obstante a dificuldade de comunicação com o seu público. De forma inovadora, ele criou e compartilhou conhecimentos, expondo todas as suas mazelas, as suas limitações, o que parecia não incomodar a ninguém, haja vista o brilho de sua luz interior. Hawking era uma pessoa de bem com a vida e consigo mesmo.
Stephen Hawking deixa-nos um legado de muitos matizes. Deixa-nos o conhecimento científico, a importância da curiosidade, a possibilidade de superação de problemas, a importância da inovação e a maravilha de viver cada minuto como se fosse o último de uma vida.
A vida e a trajetória desse brilhante cientista é o mais eloquente exemplo para todos aqueles que se deixam abater pelas vicissitudes da existência, pelas dificuldades cotidianas que enfrentam na incessante “luta pela vida” e desistem, entregando-se à auto piedade e autocomiseração, num profundo desperdício de energia vital. Casou-se, por duas vezes, teve filhos, trabalhou, inovou, superou-se! Mesmo quando tudo parecia indicar que estaria fadado a uma existência curta, dolorosa, deformante e limitadora.
Hawking deixa um legado esplendoroso, não só para a Ciência, mas para o ser humano em si mesmo, como a prova viva de que o Homem é dotado de todos os elementos necessários para tornar-se a “Glória da Criação”, e só pode ser limitado pelas próprias amarras que ele mesmo se impõe!
“Não deve haver limites para o esforço humano. Somos todos diferentes. Por pior do que a vida possa parecer, sempre há algo que podemos fazer em que podemos obter sucesso. Enquanto houver vida, haverá esperança”.
Como um raio de luz, Stephen Hawking riscou o céu, rumo ao infinito.
* Eugênio Maria Gomes é professor e escritor. Pró-reitor da Unec, membro do Lions Itaúna, da Loja Maçônica Obreiros de Caratinga e do MAC – Movimento Amigos de Caratinga. Membro das Academias de Letras de Caratinga e Teófilo Otoni e presidente da AMLM – Academia Maçônica do Leste de Minas.