Nascido em Caratinga, o goleiro Jeferson passou pelas categorias de base do Atlético-MG e hoje é destaque no Nordeste. Ele tem em seu currículo um feito memorável pelo CSA: ter eliminado da Copa do Brasil o Santos de Neymar e Paulo Henrique Ganso
DA REDAÇÃO – “Desgraçado é o goleiro, até onde ele pisa não nasce grama”, dizia Don Rossé Cavaca, pseudônimo do jornalista José Martins de Araújo Júnior (1924–1965). Vida de goleiro não é fácil mesmo, pois é uma posição onde as falhas são sempre mais lembradas do que as grandes defesas. E quando a meta é vazada, o sentimento é o descrito por Belchior na música “Divina Comédia Humana”: “Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol”. Mesmo assim muitos estão dispostos a encarar esse desafio e vencê-lo, como é o caso de Jeferson Gomes do Nascimento, o ‘Paredão’. Alcunha dada em virtude de suas grandes atuações.
Nascido em Caratinga em 9 de janeiro de 1986, Jeferson não importou para as circunstâncias e pôs em prática o seu sonho de ser jogador de futebol. Ele começou nas categorias de base do União Rodoviário e América, depois esteve na base do Atlético-MG. Hoje é um dos destaques em sua posição no Nordeste, onde defende o Campinense, de Campina Grande/PB. Ele também atuou em três times alagoanos: ASA, CRB e CSA. No último é considerados um dos maiores ídolos da história recente do clube. Em 2016, foi fundamental na campanha que levou o clube da Série D para Série C. Sem falar das memoráveis atuações em 2009, pela Copa do Brasil, quando a equipe alagoana eliminou o Santos em plena Vila Belmiro. Neymar e Paulo Henrique Ganso participaram desse jogo.
Jeferson chegou ao Campinense este ano. Em sua primeira partida oficial pela Raposa, vencida por 3 a 0, defendeu um pênalti contra Desportiva Guarabira e ainda fez duas intervenções importantes, caindo de imediato nas graças da torcida. No último domingo (4) foi um dos melhores em campo no ‘Clássico dos Maiorais’, quando Campinense bateu o rival Treze por 2 a 0, partida esta que foi transmitida ao vivo para todo o país pelo canal Esporte Interativo. Com esse resultado, a Raposa classificou-se em primeiro lugar em seu grupo e segue forte rumo ao título de campeão paraibano de 2018.
O colunista do DIÁRIO Rogério Silva, na edição da última terça-feira (6) destacou a atuação: “No clássico deste domingo contra o Treze, Jeferson mais uma vez foi decisivo com grandes defesas. Ao final, ouviu o estádio inteiro gritando seu nome como reconhecimento. A vitória da Raposa (Campinense) por 2 a 0 contra o Galo (Treze), teve Jeferson mostrando porque é chamado de Paredão”.
Diante de tamanha repercussão positiva, o DIÁRIO entrevistou esse filho de Caratinga. Como bom mineiro, Jeferson é de poucas palavras, mas direto no que diz. Para ele, fatores como apoio da família e profissionalismo são essenciais para seu sucesso.
Jeferson, como foi o período nas escolinhas do Rodoviário e do América?
Foi um período de aprendizagem e principalmente formação de caráter esportivo. Agradeço muito a Deus e ao Maguila pelos ensinamentos.
Como se deu sua a ida para a base do Atlético/MG e quanto tempo ficou no clube?
Após me destacar nas categorias de base do Tombense fui transferido. Fiquei no clube por oito anos.
Como surgiu o apelido de ‘Paredão’?
Após me destacar em jogos importantes.
Você jogou pelos três maiores clubes de Alagoas (ASA, CRB, CSA). Como é ser ídolo de equipes rivais. Alguma delas te marcou mais?
Sim; o CSA onde pude presenciar e viver momentos de dificuldade onde não havia sequer calendário até o momento da ascensão, quando conquistamos o acesso à Série C.
Analisando sua carreira, sua passagem pelo CSA foi bem marcante, pois foi um dos responsáveis pelo acesso do time em 2016 à Série C. A torcida lhe idolatrava. Foi difícil sair do CSA?
Sim, foi muito difícil. Até hoje muitos torcedores se manifestam com palavras de apoio e reconhecimento em minhas redes sociais.
Ainda falando sobre o CSA, no dia 23 de abril de 2009, você foi o goleiro do time, talvez naquela que é a maior vitória clube, pois eliminou o Santos da Copa do Brasil em plena Vila Belmiro. Como foi essa partida?
Fantástica; foi uma partida em que entrei para a história do clube após uma bela atuação diante do Santos de Neymar, Ganso, etc.
Ironicamente, você começou profissionalmente no Galo (Atlético/MG) e hoje defende a Raposa (Campinense). Como está sendo sua passagem pelo clube paraibano? O Campinense lidera o seu grupo no Campeonato Paraibano. Acredita no título?
Ótima, pois tenho desempenhado um bom trabalho e procuro sempre manter certa regularidade. Sim acredito no título; pois em todo clube de torcida há cobranças e expectativas para ser campeão.
Observando a tabela, o Paredão está mais forte do que nunca, pois é o goleiro menos vazado no Campeonato Paraibano. Como está sendo essa fase?
Excelente. Temos que manter o foco.
O futebol exige muito do atleta, como é sua rotina de treinos?
Treinamos todos os dias por aproximadamente três horas a cada período.
Qual a importância de sua família na sua carreira de jogador de futebol?
A melhor possível; pois a família é o pilar, a base para sempre seguirmos adiante. Meus pais em todos os momentos estiveram comigo, me apoiando.
Após o término de sua carreira, imagina-se ainda no mundo do futebol, como técnico ou treinador de goleiros?
Sim; pois é um meio de complexidades que nos permite várias oportunidades.
Quais são suas considerações finais?
Por fim agradeço a todos por acompanhar nosso trabalho; em especial a vocês da imprensa de Caratinga que me permitiram a oportunidade de expressar momentos da minha carreira.
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Ficha técnica do histórico jogo contra o Santos
SANTOS 0 X 1 CSA
Santos
Fábio Costa; Luizinho, Astorga, Fabiano Eller e Triguinho; Pará, Germano, Lucio Flavio (Paulo Henrique Ganso), Madson e Neymar (Róbson); Roni (Kléber Pereira)
Técnico: Vagner Mancini
CSA
Jeferson; Juninho Caiçara, Carlos Diogo, Fábio Lima e Marciano (Leandro); Anderson, Jean, Magno e Júnior Amorim; Camilo (Ricardo Miranda) e Fábio Lopes (Fagner)
Técnico: Gilmar Batista
Data: 23/04/2009 (quarta-feira)
Local: estádio Vila Belmiro, em Santos/SP
Árbitro: Maurício Aparecido de Siqueira (MT)
Auxiliares: Fabio Rodrigo Rubinho (MT) e Luiz Fernando da Silva (MT)
Cartões amarelos: Camilo, Magno, Fábio Lima, Carlos Diogo, Junior Amorim, Marciano (CSA)
Cartão vermelho: Júnior Amorim
Gol: Júnior Amorim, aos 7 min da 1ª etapa