Cirurgiã-dentista comenta principais vantagens dos tratamentos a laser, incluindo na qualidade de vida de pacientes oncológicos
O avanço da tecnologia impulsionado nos últimos anos contribuiu para uma nova gama de equipamentos e possibilidades de diagnóstico e terapêutica. Dentre estes benefícios, a laserterapia conquistou um grande papel na odontologia que vai além do conhecido clareamento dental, realizado por meio do laser de baixa potência. Pacientes também são beneficiados com tratamento e prevenção da mucosite oral e dos demais efeitos colaterais que ocorrem decorrentes do tratamento oncológico.
Para falar sobre o laser, suas utilidades e a importância de procurar um profissional qualificado, o DIÁRIO SAÚDE traz entrevista com a cirurgiã-dentista Kamila Neves, que ainda explica: “Sem dúvida, o que define o sucesso ou não de um tratamento é a dose adequada, aliada à necessidade de cada paciente”.
O que é o laser e quais são suas aplicações?
O significado da palavra “laser” (traduzida do inglês para o português) é “amplificação da luz por emissão estimulada de radiação”; que nada mais é uma luz intensa (visível ou não) que pode ser utilizada desde cirurgias médicas até para cortar peças automotivas.
Como o laser atua?
O laser tem efeito analgésico, anti-inflamatório e bioestimulador (reparador tecidual).
Em quais casos a laserterapia é indicada na odontologia?
Na Odontologia o laser de alta-potência é utilizado para remoção de cárie e para cirurgias. Mas, infelizmente, o alto custo do aparelho faz com que pouquíssimos profissionais no Brasil possam oferecer tratamentos com este tipo de laser a seus pacientes. Por outro lado, temos o Laser de Baixa Potência (L.B.P.) que, nos dias de hoje, já é uma realidade em boa parte dos consultórios odontológicos. O L.B.P. é utilizado para uma infinidade de situações. A mais conhecida é o “famoso” clareamento dental. Neste tratamento específico a função do laser (ao contrário do que muitos acreditam) é de evitar a sensibilidade pós-clareamento. Além desta, podemos enumerar inúmeras utilidades do L.B.P.: tratamento e prevenção do herpes labial; tratamento complementar e prevenção do bruxismo/apertamento dental; tratamento e prevenção da mucosite oral causada por quimio/radioterapia; tratamento complementar das paralisias faciais causadas por A.V.C.; tratamento complementar das paralisias faciais de Bell; tratamento complementar das doenças periodontais (da gengiva); tratamento da xerostomia (secura da boca); tratamento complementar na ortodontia (acelerando, de forma segura, o tempo de tratamento); tratamento das sensibilidades dentais; tratamento das lesões orais em geral (Estomatites, aftas…); fechamento de feridas e tratamento complementar da neuralgia do trigêmeo. Isso para citar apenas algumas.
Quais são as principais vantagens dos tratamentos a laser?
O tratamento a laser na Odontologia é indolor, não possui efeitos colaterais (tomadas as medidas de segurança durante a sua aplicação) e tem alta eficácia (comprovada por estudos no mundo inteiro).
A laserterapia também atua nas úlceras, edemas e inflamações decorrentes da radioterapia e quimioterapia. Quais são os principais benefícios na qualidade de vida desses pacientes?
Esta é uma pergunta muito interessante. O cirurgião dentista devidamente habilitado em Laserterapia pelo CFO – Conselho Federal de Odontologia é o profissional de escolha para realizar o tratamento e prevenção da mucosite oral e dos demais efeitos colaterais que ocorrem na cavidade oral decorrentes do tratamento oncológico (quimioterapia e/ou radioterapia de cabeça e pescoço). O termo “mucosite” significa “inflamação na mucosa” que clinicamente aparece como uma ou muitas lesões, parecidas com aftas, decorrentes dos efeitos da radioterapia (cabeça e pescoço) e quimioterapia (somente as que são mucotóxicas). O quadro doloroso da mucosite pode impedir a deglutição, mastigação e fala. Ainda, lesões bucais podem ser porta de entrada a infecções oportunistas sistêmicas ou locais, como a cândida (ou “sapinho”). Consequentemente, o paciente pode se desnutrir/desidratar complicando ainda mais o tratamento oncológico que pode ser até interrompido dependendo do grau da mucosite.
Alguns profissionais dizem que a grande dificuldade na laserterapia está na dosimetria, ou seja, saber a dose a ser irradiada em cada situação clínica e adequá-la para cada paciente. Você concorda e qual a importância de procurar um profissional capacitado para resultados satisfatórios?
Sem dúvida, o que define o sucesso ou não de um tratamento é a dose adequada, aliada à necessidade de cada paciente. Uma pessoa com inflamação de garganta, por exemplo, que tomar uma única dose de um medicamento que deveria ser ingerido 3x/dia, por uma semana, não vai ter sua inflamação curada. A culpa não é do remédio, mas sim, do uso inadequado. Na laserterapia não é diferente. Somente os profissionais capacitados para seu uso, através de cursos específicos, estão aptos para oferecer toda a gama de tratamentos que o laser oferece, de forma eficaz.
Existe contraindicação ao uso do laser?
Sim. Como todo tratamento, a laserterapia tem suas restrições. Não podemos utilizar o laser diretamente sobre áreas que estejam sangrando; tumores (benignos ou não); fenômenos de retenção de muco (Glândulas Salivares – mucoceles por exemplo); em crianças: fontanelas/epífises de crescimento; Irradiação próxima a marcapasso. O principal cuidado durante a irradiação laser é a utilização de óculos de proteção pelo paciente e profissionais. A radiação laser utilizada terapeuticamente ou cirurgicamente, ou seja, de emissão