José Celso da Cunha*
AS CONSTRUÇÕES DA GRÉCIA CONTINENTAL – Parte IX[1][2]
MICENAS: Objetos de terracota e o Ideograma Linear B.
Herdeiros da tradição minoica na confecção de vasos, ornamentos e utensílios diversos em cerâmica, os micênicos foram mestres na arte de produzir esses mesmos artefatos, assim como de amuletos e pequenas deidades representativas da sua cultura religiosa e do seu misticismo. Muitos exemplares de objetos de cerâmica foram desenterrados pelos pesquisadores nesses últimos tempos, a partir das primeiras iniciativas do pesquisador alemão Henrich Schliemann; hoje dispostos nos museus de arqueologia de Atenas e de Micenas, entre outros.
Chamam a atenção algumas figuras moldadas em terracota, dispostas no museu de Micenas, ao lado do sítio arqueológico. Uma delas é uma entidade moldada com articulações nas juntas dos membros inferiores: uma figura feminina, semelhante a uma boneca com sapato plataforma e chapéu cilíndrico. Outras são entidades menores, com os braços erguidos para os céus ou com gestos singelos, como em conversa com outra pessoa, todas vestidas com túnicas longas pintadas à mão.
O Ideograma Linear B.
O Ideograma Linear B é uma escrita primitiva que se caracteriza “por contornos silábicos lineares que substituem as imagens-signos da escrita hieroglífica, e que foi usada em Cnossos, ilha de Creta, e na Grécia continental entre os séculos XV e XII a.C.” Enciclopédia Veja Larousse (2006).
Nas escavações realizadas nas habitações localizadas ao sul do Círculo A, de Micenas, foi encontrado grande número de tabletes de argila contendo um ideograma arcaico denominado Linear B, forma de escrita igualmente encontrada nas escavações realizadas em Cnossos, Festos e Mália, na ilha de Creta, onde também havia uma escrita mais antiga conhecida como Linear A. No Museu Arqueológico de Heraklion, em Creta, encontra-se o mais importante exemplar contendo caracteres do Linear A, o disco de argila de Festos, possivelmente do século XVII a.C., contendo 242 caracteres ainda indecifrados. Desses ideogramas primitivos somente foi possível decifrar o Linear B, largamente utilizado no Peloponeso na Era do Bronze, mas depois de anos de estudos empreendidos pelo pesquisador inglês, o arquiteto inglês Michaïl Ventris (1922–1956). Da análise desses tabletes de argila, segundo os pesquisadores, conclui-se tratar de registros de mercadorias negociadas no comércio local, como também com outros povos com quem os micênios tinham relações dessa natureza. Os historiadores admitem que o Ideograma Linear B seja uma forma primitiva de escrita de onde teria surgido posteriormente o grego antigo, utilizado por Homero por volta do século VIII a.C.
[1] *José Celso da Cunha, engenheiro civil, doutor em Mecânica dos Solos-Estruturas pela ECP- Paris, escritor e ex-professor da Escola de Engenharia da UFMG. É membro da ABECE, do IBRACON, da Academia Caratinguense de Letras e membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni. E-mail: [email protected].
[1] **Com base na série do autor: “A História das Construções” ― www.autenticaeditora.com.br .
As fotografias das construções apresentadas neste artigo foram tiradas pelo autor, salvo onde indicado.