Evento começa hoje e trará exibição de curtas-metragens que têm ligação com Minas Gerais
CARATINGA – Começa hoje a 1ª Mostra de Cinema de Caratinga. O evento tem início às 19h30 e será realizado no Drink Night, localizado na Praça Calógeras. Ao todo, serão exibidos 15 curtas, destes, cinco são de caratinguenses. Na programação desta quinta-feira (28) estão: ‘Azul Prussiano’, ‘Putta’, ‘Buieié’, ‘A Orelha de Van Gogh’ e ‘O Forasteiro’. Haverá debate após a exibição dos filmes.
O DIÁRIO DE CARATINGA conversou com Carlos Eduardo Gomes de Araújo, do Cineclube Maria Sena, um dos organizadores do evento e com os cineastas Leandro Martins e Márcio Soares. A conversa se deu quando eles faziam a edição do longa-metragem “O Cineasta” (produzido no período de 15 dias, em setembro do ano passado).
De acordo com Carlos Eduardo, a 1ª Mostra de Cinema está sendo feita com muito esforço, pois o grupo não recebe verba específica para realização do evento. O primeiro passo foi conseguir um local adequado e dentro do orçamento. “Não temos apoio. Estamos batalhando, amigos ajudando e pensando em pegar o que conseguirmos fazer esse ano, apresentar em algum edital e no ano que vem tentar algum patrocínio. Nossa primeira opção era fazer lá na Praça da Estação. Mas, a infraestrutura, sonorização, já teria que ser maior. E aí rolou essa parceria com o pessoal do Drink Night, que é bacana pra eles e pra nós, por concentrar mais o nosso público e fica baixo custo”.
Outra ideia foi de que os filmes que fossem inscritos na Mostra, tivessem alguma ligação com Minas Gerais, com alguém da equipe mineiro ou o assunto do filme deveria remeter ao estado. Por exemplo, um dos curtas foi produzido por pessoas de Brasília, mas o filme foi feito em Minas. Com a participação de diretores que não são da cidade, muitos já confirmaram presença em um dos dias do evento. “Inclusive alguns diretores vão vir do bolso deles, os que não ficarem em hotel, ficarão em nossas casas mesmo hospedados”, afirma Carlos.
Esta primeira edição terá como homenageado Camilo Lucas. Ele será o “anfitrião” da festa e apresentador da Mostra. Segundo Carlos Eduardo, a escolha do nome foi unânime. “Nós queremos homenagear pessoas que batalharam; os antigos sofredores da cultura. Ele será o apresentador. Pensamos logo no Camilo. Não é do cinema, mas tem uma experiência de 40 anos de carreira”.
A entrada será franca, mas, Carlos afirma que o maior desafio é atrair o público para um cinema diferenciado; Ele considera que ainda não há um público cativo, se comparado com os “amantes” do cinema estrangeiro. “Os diretores brasileiros fazem o cinema que é mais como os europeus gostam de fazer, existe uma divisão. A indústria do cinema (que todo mundo conhece), é uma fábrica, tem que dar lucro e cada vez fazer as pessoas desejarem mais e precisarem mais. Como indústria do cinema, Hollywood faz fantasticamente seu serviço. E existe o cinema de autor, de arte, que são os grandes cineastas da história. Geralmente eles são europeus. A proposta do cinema em Hollywood não é a mesma do cinema que eles fazem. Eles não querem fazer um cinema comercial e industrial. O cinema de arte você pode até se divertir, mas no fim da história ele muda a forma de você enxergar o mundo”.
Sobre o cinema brasileiro, Leandro Martins elogiou o que é produzido em Pernambuco. Por exemplo, o longa-metragem ‘Aquarius’, do diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho, o primeiro filme do estado a ser indicado à Palma de Ouro de Festival de Cannes. Para Carlos Eduardo, os filmes pernambucanos estão mais próximos do que eles desejariam produzir. “O melhor filme que gostaríamos de fazer na vida é o que pessoal está fazendo em Pernambuco. É um cinema que está fazendo fama, mostrando qualidade, influenciando alguns cineastas do eixo Rio-São Paulo. Mas eles não são ricos, são batalhadores”.
Márcio Soares finaliza afirmando que a mostra também terá caráter educativo e mostrará outra realidade cultural aos participantes. “Muita gente não tem a cultura de conhecer outros cinemas, de arte, que tem essa questão de transformar. Esse tipo de filme, a princípio, gera aquela reação: ‘O filme é chato’. Mas, é porque hoje, regionalmente mesmo, as pessoas estão acostumadas com outra coisa. Você vai conhecer o que está sendo feito dentro do estado de Minas Gerais”.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA
Quinta-feira (28)
19h30 – Abertura
‘Azul Prussiano’ – Leo Márcio, 14 minutos, ficção.
‘Putta’ – Lílian de Alcântara, 28 minutos, documentário.
‘Buieié’ – Albert Ferreira e Monique Bertto, 17 minutos, documentário.
‘A Orelha de Van Gogh’ – Thiago Franco, 11 minutos, ficção/animação.
‘O Forasteiro’ – Diogo Cronemberger, 25 minutos, ficção.
Debate de abertura da Mostra.
Sexta-feira (29)
19h30
‘A Página’ – Guilherme Andrade, 15 minutos, ficção.
‘Quando é lá fora’ – Leonardo Branco e André Pádua, 21 minutos, ficção.
‘Desdeglutinação’ – Luciano Irrthum, 1 minuto, experimental/animação.
‘Ouija’- Juliano Ferreira, 1 minuto, ficção/animação.
‘Caçadores de Assombração’ – Gabriel de Paula e Jairo Neto, 25 minutos, documentário.
Música: Marina Ribeiro
Sábado (30)
19h30
‘Resguardo’ – Francisco Franco e Luiz Fernando Priamo, 23 minutos, documentário.
‘Uótizap’ – Marcelo Branco, 1 minuto, ficção/animação.
‘Nosztalgia’ – Vanessa Malheiros, 2 minutos, experimental.
‘Feminino’ – Carolina Queiroz, 26 minutos, documentário.
‘The Walls Drama’ – Diego Navarro, 4 minutos, clipe.
Música: Uncle’s Band