Aquele abraço amigo do esporte, amigo da bola, pessoalmente, a década de 80 foi encantadora pelos grandes craques e times que pude ver jogar. Depois do título de 1980, o Flamengo viu o Grêmio faturar seu primeiro em 1981. Em 82, um ano histórico também por conta de uma seleção brasileira que encantou o mundo, o Rubro Negro da Gávea deu o troco e conquistou seu segundo título. Foi mantido o esdrúxulo sistema do ano anterior, com acesso da Taça de Prata para a Taça de Ouro no mesmo ano. Desta vez, os beneficiados foram o Corinthians, América/RJ, São Paulo/RS e Atlético/PR. 40 clubes organizados em oito grupos com cinco clubes em cada. Jogando em turno e returno, classificando-se os três primeiros colocados de cada grupo; o quarto colocado de cada grupo vai para a repescagem. A fase final foi assim: com oitavas de final, quartas de final, semifinais e finais: sistema eliminatório, com jogos de ida e volta. No caso de empate na soma dos resultados, o time de melhor campanha na primeira fase avançaria para a próxima fase. Exceção: na última etapa (jogos finais), empate na soma dos dois primeiros jogos levaria a um terceiro confronto; se este terminasse empatado, seria campeão o clube com melhor campanha durante todo o campeonato.
Decisão: Seria impossível o Flamengo chegar pra aquela disputa com mais moral do que já chegava. No ano anterior, apesar de não ter sido campeão brasileiro, havia conquistado o Carioca, a Libertadores e o Mundial. Se no título de 1980, o Fla provou sua grandeza além das fronteiras do Rio de Janeiro, em 82 não precisava provar mais nada, pois o mundo todo já tinha conhecimento da força do clube.
A base do time foi mantida, mas mesmo assim houve uma mudança significativa. Com a morte do treinador Cláudio Coutinho, dias antes do terceiro jogo da final do Campeonato Carioca de 1981, Paulo César Carpegiani assumiu o comando técnico da equipe e se manteve durante toda a disputa do Brasileirão de 1982.
Zico permaneceria no papel de estrela, capitão, craque e ídolo do time, além de ter sido também, o artilheiro do torneio.
O Tricolor gaúcho jogava por três empates. O primeiro jogo no Maracanã Tonho fez 1 a 0 para o Grêmio aos 38 minutos do segundo tempo. Quando os 138 mil torcedores rubro-negros já imaginava que estava perdido, Zico, em bela jogada individual, empatou aos 42. Porém, o Grêmio saiu satisfeito com o placar. O segundo jogo foi truncado e ficou no zero a zero, obrigando um novo encontro com vantagem gaúcha. Depois do jogo o goleiro Leão disse que o Flamengo era um time de covardes. Nunes respondeu dizendo que iria fazer um gol na final. Zico foi mais longe e disse que sonhou com uma vitória por 1 a 0 gol de Nunes.
O jogo decisivo, consequência dessas polêmicas, começou bem quente. Logo com dois minutos de bola rolando, Leão defendeu uma bola e sofreu carga do seu “inimigo” Nunes. Em resposta, o goleiro gremista não pensou duas vezes e mandou o cotovelo no rosto do nove da Gávea. O atacante rubro-negro virou, apontou para o rosto de Leão e disparou: ‘vou fazer um gol em você, seu babaca!’
Com dez minutos de bola rolando, Zico pegou uma bola no meio campo, saiu driblando meio time do Grêmio e deixou o “João Danado” na boa para tocar na saída de Leão e fazer o gol único da partida. Com o resultado, o Mengão passou a se segurar no jogo, segurando as investidas tricolores ao ataque. Raul ainda fez grandes defesas segurando a pressão gremista. Em um dos lances os gaúchos reclamaram de uma bola que teria entrado. Com a tecnologia da época, a dúvida persiste ainda hoje. Ao final, o Flamengo comemorou seu segundo título em pleno estádio Olímpico. Campeões: Leandro, Raul, Marinho, Figueiredo, Andrade e Júnior; Tita, Adílio, Nunes, Zico e Lico. Técnico Paulo César Carpegiani.
Semana que vem vamos recordar outro título rubro-negro. Em 1983 o Urubu venceu o Santos numa final espetacular. Até lá!
Rogério Silva
Leia mais comentários acessando o site: www.diariodecaratinga.com.br