O médico Klinger Faico, infectologista do Casu – Hospital Irmã Denise, fala sobre os desafios da profissão em tempos de pandemia
CARATINGA – Desde o início da pandemia os profissionais da saúde estão em evidência por serem os que têm contato direto com um inimigo invisível: o novo Coronavírus. Entre esses profissionais uma especialidade que está em constante movimento de contornar os desafios é a dos Infectologistas. Hoje, se comemora o Dia do Infectologista, médico responsável por combater as infecções, uma das manifestações mais recorrentes de inúmeras doenças, e principalmente na Covid-19 que tem vitimado inúmeros brasileiros. São eles que, ao lado de cientistas e pesquisadores, estão ajudando a desvendar os mecanismos do novo Coronavírus e, com isso, criar medidas para conter o seu avanço.
Uma missão desafiadora, porque é preciso reunir e analisar dados científicos com muita rapidez. A cada dia, o vírus avança e coloca em risco não só a vida da população, mas também ameaça a sustentabilidade dos sistemas de saúde. O médico Klinger Faico que é o infectologista responsável pelo Casu – Hospital Irmã Denise, um dos hospitais referência para o tratamento da Covid-19 no Estado de Minas Gerais, fala sobre os desafios de sua especialidade em meio a realidade pandêmica. Confira a entrevista:
O dia 11 de abril foi escolhido como o Dia do Infectologista, uma especialidade médica que tem sido muito requisitada desde o início da pandemia. Como está a rotina de um infectologista diante deste cenário de pandemia?
A rotina está bastante extenuante. Já se passaram mais de 365 dias de plantões, coordenação de serviços, atendimentos, elaboração de protocolos, estudos e pesquisas. Associado a isso precisamos estar o tempo todo combatendo Fake News e levando informações de qualidade para a população. Isso tudo, diante de um cenário incerto em que a cada dia aprendemos mais um pouco e conseguimos avançar no tratamento dos nossos pacientes.
Fora desse cenário, como é a atuação de rotina do especialista em infectologia?
Em um contexto fora da pandemia, a rotina do especialista em Infectologia é muito variada e dinâmica. No consultório, atendemos os casos de HIV, Hepatites virais, Tuberculose e demais doenças infectocontagiosas. Nos hospitais coordenamos um núcleo de trabalho muito importante e essencial: a CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar), onde realizamos em equipe o controle de infecções, controle da liberação de antibióticos, suporte aos médicos do hospital e elaboração de protocolos. Nas prefeituras, realizamos a Vigilância Epidemiológica das doenças. E ainda trabalhamos nos serviços de Transplante de Medula Óssea, Transplante de Órgãos Sólidos, em pesquisas, laboratórios e na docência. Sem dúvidas, uma área bastante abrangente!
Como avalia o estágio da pandemia no país e na nossa região hoje?
Infelizmente o estágio atual é alarmante em todo o país. A nova variante identificada em Manaus (AM) se proliferou por todos os estados sendo a responsável quase que integralmente pelos novos casos. Com a taxa de vacinação caminhando ainda a passos lentos e a contaminação em ritmo vertiginoso, estamos longe de sairmos dessa pandemia.
Nossa região não se difere do restante do país. Mas aqui temos uma grande vantagem: a direção do Hospital Casu – Denise e da Funec não tem medido esforços na abertura de novos leitos, compra de equipamentos, contratação de pessoal e investimento em tecnologia. Isso antes mesmo de ter um caso confirmado na cidade de Caratinga. Esse ponto fez toda a diferença. A atuação junto ao município e as instâncias estaduais e federais também é fundamental.
E com relação às vacinas. Quais as expectativas para a continuidade da vacinação no Brasil?
A velocidade de vacinação nos preocupa muito, ainda mais em um contexto de recorde de contaminações diariamente. Os vírus de RNA, como a covid-19, possuem uma taxa de mutação elevada podendo selecionar as chamadas “variantes de preocupação” e quanto mais pessoas sendo infectadas, maiores as chances do vírus sofrer mutação. Por isso, é preciso acelerar a vacinação, aumentar a taxa de proteção das pessoas para diminuirmos as infecções e as chances de surgimento dessas variantes mais graves.
A reinfecção pode acontecer? Quais os maiores riscos?
Sim, a reinfecção pode acontecer principalmente porque a imunidade adquirida pós a doença não é duradoura. Ainda não sabemos muito a respeito dessa modalidade de infecção e novos estudos estão sendo realizados. Por isso, mesmo se você já teve a doença, manter as medidas preventivas são importantes.
Qual a sua recomendação, enquanto infectologista, para a população de Caratinga e região?
A minha recomendação é: Vacinem-se! Não há uma alternativa nesse momento para acabarmos com a pandemia. Enquanto isso, precisamos manter as medidas preventivas.